São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996
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Leia inédito da poeta

JOSÉ GERALDO COUTO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Cecília Meireles escreveu seu "Oratório de Santa Maria Egipcíaca" em 1957. Concebeu-o como um poema para ser em parte declamado e em parte cantado.
A lenda católica que deu origem ao poema diz respeito a uma prostituta de Alexandria que, no século 3 d.C., embarca num navio de peregrinos rumo à Terra Santa e lá se converte ao cristianismo. Para purgar seus pecados, Maria Egipcíaca vai viver no deserto, onde, 47 anos depois, o abade Zózimo a encontra e presencia seu dom de caminhar sobre as águas do Jordão.
A mesma lenda inspirou o poema "Balada de Santa Maria Egipcíaca", de Manuel Bandeira, e a peça teatral "A Beata Maria do Egito", de Rachel de Queiroz.
No poema, que prevê três vozes (além do coro) e três cenários, está presente, além do misticismo da autora, a dialética entre o eterno e o fugaz, que lhe era tão cara.
Numa passagem significativa, Maria do Egito diz ao Senhor: "Como posso cantar para a Eternidade,/ se a minha vida é só para breves instantes?". Seu dilema é semelhante ao de Cecília.
(JGC)

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