São Paulo, domingo, 4 de agosto de 1996
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Música é alegria

MARCELO MANSFIELD
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Brasil é internacionalmente conhecido pela sua musicalidade. Somos o país do Carnaval, nossas duas maiores estrelas internacionais, Carmen Miranda e João Gilberto, são cantores, e a bossa nova mudou o compasso da música no mundo todo.
Ao contrário do que se diz, no Brasil, nem tudo acaba em pizza, mas sim em samba, suor e cerveja.
A televisão, de cara, já afinou o piano logo na estréia, com Hebe Camargo e Ivon Curi cantando no dia da inauguração, enquanto Lolita Rodrigues decorava a letra do "Hino da Televisão Brasileira".
A "Orquestra de Luiz Arruda Paes" animava todos os programas, enquanto um mais bem elaborado concerto pela "Orquestra Sinfônica Brasileira" se apresentava diretamente do Museu de Arte de São Paulo.
Ray Coniff era tema de "Almoço com as Estrelas", com seu "It's Wonderful", programa que ficou mais tempo no ar do que reprise de filme sobre autismo, enquanto Zé Keti transformava seu hino carnavalesco, "Máscara Negra" em abertura de programa humorístico cantado por Neide Aparecida.
Chico Anysio usa sua própria música, "Hino ao Músico" como tema de seu programa desde que as câmeras pegavam no tranco e seus personagens eram inéditos. Ao mesmo tempo, Eliana Macedo, uma pré-Regina Duarte do cinema, e o trio Irakitan faziam aeróbica no cenário de papel crepon do filme "Rio Fantasia" da Atlântida, com a mesma música.
João Roberto Kelly musicou meio milhão de programas humorísticos e mostrou que Daniel Filho não só entende de adolescentes, mas também segura um bom gogó. Assim como seu pai, Juan, e sua filha, Carla Daniel.
Os festivais da canção, então, nem se fala. O que seria de Elis Regina, Caetano Veloso, Gilberto Gil ou Rita Lee se não fossem os auditórios lotados de estudantes de esquerda do Teatro Record antes do mesmo virar igreja?
Até hoje os fiéis recolhem os cacos do violão espatifado que Sérgio Ricardo jogou na platéia.
Duas pérolas inesquecíveis: no programa "Essa Noite se Improvisa" pediram a Chico Buarque que cantasse uma música que tivesse em sua letra determinada palavra. Ele foi ao microfone e cantou algo que ninguém conhecia. Quando perguntaram quem havia composto ele respondeu: "eu...agora".
No mesmo programa, pediram a Ronald Golias uma música com a palavra "Oitava"... o eterno Bronco foi ao centro do palco e cantou: "Oi...tava na peneira. Oi, tava peneirando".
Para terminar: será que o Brasil teria entrado na onda "Discoteca" dos anos setenta se Lucélia Santos e o formidável Luiz Carlos Barroso não tivessem saracoteado ao som de Andrea True Conection cantando "More, more, more"? E será que Fábio seria Júnior se seu pai não fosse "Herói"?

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