São Paulo, segunda-feira, 5 de agosto de 1996
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PT pode buscar inspiração em experiência política zapatista

Partido participou de congresso contra o neoliberalismo

EMANUEL NERI
ENVIADO ESPECIAL A CHIAPAS

O PT pode adotar no Brasil experiências do EZLN (Exército Zapatista de Liberação Nacional).
A proposta será apresentada por Gilberto Carvalho, que representou o partido em congresso zapatista contra o neoliberalismo, no México.
"Há uma inquietude dentro do PT de se tornar um partido cada vez mais semelhante aos outros partidos", diz Carvalho. "A experiência zapatista questiona nossa prática política."
Carvalho volta do México impressionado com "alguns aspectos que o zapatismo está desenvolvendo e que podem ser interessantes para a esquerda e para o PT".
Um dos princípios que Carvalho quer que o PT adote é o de "mandar obedecendo", lema dos zapatistas. Isso significa que o poder será sempre subordinado ao povo.
Outra experiência que será apreciada é o princípio de que se pode fazer política sem disputar eleições. "O PT não tem vocação para deixar de participar de eleição", diz Carvalho, que foi secretário-geral do PT -hoje é secretário de Comunicação. "Mas queremos equilibrar a presença eleitoral com a organização de base."
Carvalho acha que o PT nasceu mais como movimento social do que como partido. "Hoje somos muito mais partido", diz. "O zapatismo levanta elementos de renovação."
Visita ao Brasil
O PT fez um convite formal ao EZLN para visitar o Brasil. A visita deve ser feita no final de novembro por membros da FZLN (Frente Zapatista de Liberação Nacional), o braço político dos zapatistas.
Se depender de Carvalho, o PT manterá relações mais próximas com os zapatistas. Junto com a CUT, MST e outras entidades, o PT quer fazer uma maior divulgação dos princípios zapatistas.
Mas o zapatismo enfrenta problemas no PT. Luiz Inácio Lula da Silva considera o movimento "romântico", uma espécie de "última meca" da esquerda mundial, a exemplo de Cuba e Nicarágua.

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