São Paulo, segunda-feira, 5 de agosto de 1996
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Laudo vai apontar suicídio de Suzana

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA , EM MACEIÓ

O laudo de consenso dos peritos envolvidos na investigação da morte de Paulo César Farias, que será divulgado na próxima sexta-feira, dirá que PC foi assassinado pela namorada Suzana Marcolino, que em seguida se suicidou. O crime ocorreu no dia 23 de junho, na casa de PC na praia de Guaxuma, em Maceió (AL).
Os elementos que apontam o suicídio de Suzana vieram basicamente do estudo da trajetória da bala em seu corpo. A perícia concluiu que seria impossível uma terceira pessoa ter atirado em Suzana.
As principais conclusões do laudo, que está sendo preparado pelo legista Fortunato Badan Palhares, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), foram divulgadas ontem pela revista "Veja".
Em nota à imprensa, Palhares disse que o laudo oficial só será divulgado na sexta-feira, em Maceió. Segundo a nota, alguns exames "ainda não estão à disposição para que as conclusões finais possam ser apreciadas".
Balística
O laudo mostra que a bala descreveu trajetória descendente com angulação inferior a 10º dentro e fora do corpo de Suzana. A angulação foi medida com um fio de náilon pela polícia alagoana e com raio laser por peritos da Unicamp.
Para que ela tivesse sido morta por alguém, e a bala descrito a trajetória apurada, Suzana teria que estar completamente passiva e o assassino sentado na cama, atirando a menos de 5 cm do peito dela.
A bala que matou Suzana entrou no lado esquerdo de seu peito, "saiu entre a 4ª e a 5ª vértebra toráxica da coluna vertebral", furou a parede localizada atrás da cama -a 70 cm de altura-, atingiu o braço da cadeira na sala onde o casal tomaria café da manhã e caiu no chão, segundo o laudo final.
Os peritos chegaram à conclusão de que a trajetória descrita prova que Suzana estava sentada, com os pés sobre a cama e fez o disparo com as duas mãos contra o peito.
Suzana teria sentado na cama depois de ter dado, em pé, um tiro em PC, que estava deitado de lado, com a mão esquerda sobre a cabeça, como mostrava croqui da polícia alagoana divulgado pela Folha cinco dias após o crime.
Com o impacto do tiro, PC, que estava dormindo, virou-se, ficando de barriga para cima, com os olhos abertos.
Pólvora
A conclusão dos peritos de que Suzana se suicidou ficou mais fácil depois que eles tiveram acesso ao teste residográfico quantitativo.
O teste mostrou que Suzana tinha uma quantidade de pólvora nas mãos superior à de uma pessoa que tivesse feito só um disparo. Somente duas balas foram disparadas do revólver comprado por Suzana nove dias antes do crime, segundo as investigações policiais.
O terceiro dado importante para a definição do suicídio de Suzana é referente à conclusão de que os corpos não foram mexidos, como vai mostrar o laudo.
Palhares e os outros seis peritos chegaram a esta conclusão por meio de análises nas manchas de sangue deixadas por Suzana em seu corpo e no lençol.
Isso afastou a hipótese de que a cena do crime tenha sido montada, como se chegou a suspeitar.
Dúvidas levantadas sobre o trabalho de legistas e de policiais de Alagoas fizeram com que agentes da PF e Palhares fossem chamados para auxiliar as investigações.

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