São Paulo, segunda-feira, 5 de agosto de 1996
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'Sem-clube' querem montar time

HUMBERTO SACCOMANDI
ENVIADO ESPECIAL A ATLANTA

Seis jogadoras da equipe feminina de vôlei do Brasil, medalha de bronze na Olimpíada de Atlanta, estão voltando ao Brasil sem ter um clube onde jogar.
Virna, Ana Moser, Ana Flávia, Leila, Filó e Fofão são as "sem-clube". É metade das 12 jogadoras convocadas para Atlanta.
Mas as seis estão estudando a possibilidade de formar uma equipe entre elas.
"É quase uma seleção. Dá pra montar um timão", disse Virna, que substituiu a contundida Hilma no time titular do Brasil nos Jogos.
Essa crise das "sem-clube" se deve a uma nova determinação da Confederação Brasileira de Vôlei, que limita o número de boas jogadoras por equipe.
A CBV estabeleceu um ranking de jogadoras. Cada uma recebe uma nota, de acordo com seu desempenho no torneio anterior.
Um clube não pode superar os 30 pontos no seu elenco.
O objetivo dessa norma é equilibrar os campeonatos, evitando que um ou dois clubes concentrem as jogadoras da seleção.
O que acabou acontecendo é que não houve clubes suficientes para absorver as jogadoras com pontuação mais alta no ranking.
Elas, obviamente, ganham mais. Poucos times têm estrutura para bancar as medalhistas.
No caso das seis "sem-clube", elas não poderiam estar todas em uma única equipe. No máximo, para não estourar a pontuação, cinco poderiam jogar juntas.
E é exatamente isso que elas pretendem fazer. Já que não há clubes, tentarão montar uma equipe nova.
"Ainda não está nada certo. Precisamos achar um patrocinador. Vamos ver isso quando chegarmos ao Brasil", disse Ana Moser.
"É incrível isso acontecer no Brasil, que tem a melhor liga feminina do mundo", disse Virna.
A alternativa para elas, caso não seja possível encontrar ou montar um time no Brasil, seria aceitar ofertas para jogar no exterior.
"Antes da Olimpíada, recebi convites da Itália, mas preferiria ficar no Brasil", disse Virna. Segundo ela, outras atletas foram sondadas, e as propostas são muito boas.
A Itália está investimento muito no vôlei feminino e empresários italianos sondaram jogadoras de seleções em Atlanta.
"Não quero deixar o país de jeito nenhum. Só sairia se não tivesse alternativa", disse Ana Moser.
A maioria das jogadoras titulares de Atlanta pediu para não participar do Grand Prix de vôlei feminino, que começa no final do mês.
Pelo menos nove, porém, terão de participar por determinação contratual do Top 6, torneio que acontece em novembro no Japão.
Segundo o técnico Bernardinho, está deve ser a despedida dessa equipe, já que algumas jogadoras não voltarão a atuar pela seleção.

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