São Paulo, terça-feira, 6 de agosto de 1996
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Rossi 'dramatiza' dívida com Cohab

ANA MARIA MANDIM
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PDT à Prefeitura de São Paulo, Francisco Rossi, prometeu ontem repactuar a dívida dos mutuários da Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo), citando números que não coincidem com os que a empresa divulga.
"É possível zerar a dívida e começar tudo de novo porque a correlação entre a prestação e o salário foi para o espaço", afirmou.
O candidato do PDT disse que não há como cobrar os atrasados: "Assim, nem a Cohab recebe para reinvestir, nem os mutuários conseguem pagar".
Em entrevista após minicomício no parque São Rafael (zona leste), ontem à tarde, Rossi disse que 150 mil mutuários, de 60% a 70% do total, estão inadimplentes.
"A prestação média está hoje na faixa de R$ 400, com a pessoa ganhando R$ 300, R$ 350", disse o candidato do PDT. "É possível baixá-la para R$ 50, R$ 60."
Menos dramáticos
Os dados fornecidos ontem pelo diretor comercial e social da Cohab, Walter Ribeiro Chaves, sobre a situação da empresa são menos dramáticos do que os de Rossi.
Segundo Ribeiro Chaves, a Cohab fechou abril com 106.080 mutuários, dos quais apenas 31% estão inadimplentes.
"Só são considerados inadimplentes, situação definida no contrato, os que têm mais de três prestações atrasadas", afirmou.
Cerca de 8,75% dos mutuários têm de quatro a seis prestações em atraso, e 22% mais de seis prestações, segundo o diretor da Cohab.
O volume de mutuários com até três prestações atrasadas é de 34% do total. "Mas isso não é inadimplência", disse Ribeiro Chaves. "Muitas vezes as pessoas atrasam uma ou duas prestações."
Outro dado conflitante apresentado por Rossi é o da prestação média. Segundo Ribeiro Chaves, cerca de 70% dos mutuários pagam menos de um salário mínimo (R$ 112).
O diretor da Cohab disse que um caso excepcional foi o do conjunto Santa Etelvina, em Cidade Tiradentes (zona leste), que chegou a ter 90% de inadimplentes.
Ribeiro Chaves afirmou que a principal razão da dificuldade de investimento da Cohab, cuja lista de inscrição está fechada desde 1989, é o não repasse de verbas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). "Há 450 mil pessoas na lista de espera."
"Dados sonegados"
O candidato do PDT afirmou que suas fontes de informação são associações de mutuários e grupos de moradores.
"Eles nos trazem essas informações, que são importantes, porque os dados oficiais são sonegados à minha campanha pela Cohab", disse Rossi.
"Acho muito bom que isso venha a público para suscitar o debate em torno dos inadimplentes."
"Mentira colorida"
Em seu discurso no parque São Rafael, Rossi criticou a "mentira colorida" do horário eleitoral.
"A maior mentira foi ouvir o Maluf (Paulo Maluf, atual prefeito de São Paulo) dizer que melhorou o transporte coletivo, o problema do trânsito."
Segundo o candidato do PDT, "é difícil acreditar vendo a Erundina (Luiza Erundina, candidata do PT a prefeita) como uma adolescente, no jardim. Tudo mudou, agora é tudo suave, bonitinho".

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