São Paulo, terça-feira, 6 de agosto de 1996
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Indiciados 17 PMs e 5 sem-terra por mortes

ANDRÉ MUGGIATI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Cinco sem-terra e 17 policiais militares foram indiciados no IPM (Inquérito Policial Militar) que apurou a morte de 12 pessoas ocorrida em Corumbiara (RO), em 9 de agosto de 1995.
O massacre ocorreu durante cumprimento de mandado judicial de reintegração de posse da fazenda Santa Elina. Morreram dez sem-terra e dois PMs. O inquérito está sendo analisado pela Corregedoria da PM de Rondônia.
Os sem-terra foram indiciados por incitar as pessoas acampadas na fazenda a reagir com violência à ordem judicial de despejo.
Os PMs estão sendo indiciados por homicídio doloso (intencional), lesões corporais e desobediência a ordens do comando.
Entre os indiciados está o comandante da operação, tenente-coronel José Ventura, e o líder dos sem-terra Claudemir Gilberto Ramos, o Pantera.
Segundo o Departamento de Relações Públicas da PM, nem todos os autores dos homicídios puderam ser identificados devido à falta de recursos para efetuar a perícia.
A Agência Folha procurou, por telefone, o tenente-coronel Ventura no batalhão da PM de Ji-Paraná, mas ele não retornou às ligações.
Segundo o advogado das vítimas, Ernandes Segismundo, Pantera deixou Rondônia e seu paradeiro é desconhecido.
Para Segismundo, o IPM é falho em não apresentar todos os culpados. "Pelo menos cem PMs cometeram abusos monstruosos. Conseguiram maltratar e torturar 150 pessoas em cerca de duas horas."
Segundo a polícia, o inquérito diz que os PMs foram atacados pelos sem-terra. Eles preparavam-se para fazer a reintegração quando teriam sido surpreendidos pelos sem-terra, que atiraram primeiro.
Segismundo contesta a conclusão. "Vamos provar que quem iniciou o conflito foi a PM." Ele critica também o indiciamento de sem-terra. "O IPM não tem competência para indiciar civis."
Pelo IPM, a polícia disparou 1.917 tiros. Após análise da Corregedoria da PM, o inquérito vai ao Ministério Público, que pode denunciar os acusados, fazer novos indiciamentos ou devolver o IPM, para novas diligências. No inquérito civil, ninguém foi indiciado.

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