São Paulo, terça-feira, 6 de agosto de 1996 |
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Papéis trocados
MELCHIADES FILHO O ouro olímpico no basquete feminino foi definido, curiosamente, longe das cestas.Em 1994, quando o Brasil derrotou os EUA a caminho do título do Mundial, Paula e Hortência desequilibraram. O "Dream Team" feminino estudou muito esse revés. Foi por causa dele, aliás, que nasceu, em abril de 95, uma seleção feminina permanente. A técnica Tara VanDerveer recrutou 12 atletas -11 profissionais e 1 universitária. Todas, adeptas do jogo de infiltração. Por isso, e pela própria campanha na Olimpíada até então, esperava-se que as americanas, na decisão, compactassem sua defesa sob a tabela e partissem para os contra-ataques. A final mostrou o contrário. Invictos há 60 partidas, os EUA espalharam-se na quadra, marcando individualmente. A blitz destruiu a âncora tática brasileira: o jogo de perímetro. O Brasil só acertou 33% dos tiros de três pontos -até a final, a média era de quase 50%. Na vitória de 94, Paula e Hortência marcaram 29 e 32 pontos. Anteontem, só 7 e 11. "Treinei 15 meses corta-luz para neutralizar esses gatilhos", contou Ruthie Bolton, a armadora que anulou Paula. Surpreendido, o Brasil tentou revidar na briga sob as cestas. Essa coragem foi a boa surpresa da seleção nesta Olimpíada. Alessandra, a principal reboteira da final, e Janeth, cestinha do Brasil, até que equilibraram o jogo nos dez minutos iniciais. Nesse período, por exemplo, a pivô Lisa Leslie não pontuou. Mas Alessandra cansou, e Leslie deslanchou, com 29 pontos e 90% de pontaria nos chutes. O massacre (111 a 87, o maior placar da história olímpica no feminino) não desmerece, porém, o time brasileiro. É verdade que, sem Paula e Hortência, dificilmente a seleção vai repetir a prata em Sydney. Mas Atlanta deixou uma semente. Decretou o fim da "bitolação" ofensiva. O Brasil já sabe dar bandeja. Texto Anterior: Leandro se apresenta hoje ao Palmeiras Próximo Texto: Compromisso; Solteiro; Números, números...; Contrato Índice |
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