São Paulo, terça-feira, 6 de agosto de 1996
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"Stomp" promove a catarse do ritmo

OTÁVIO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO

No início, era o barulho. Do esfregar da vassoura no chão, de bater latas, do virar das páginas de um jornal, de tossir. Então, veio "Stomp", combinou ruídos cotidianos, transformou-os em ritmo.
Criado em 1991 no Reino Unido e há dois anos em cartaz em Nova York, não é um espetáculo de dança, não é teatro, não é um show de música. A melhor definição: "Stomp" é uma catarse do ritmo.
Há cinco anos na estrada, já tendo se apresentado em vários países da Europa e da Ásia, na Austrália, EUA e Canadá, o espetáculo chega agora à América Latina.
Desde o último dia 31 e até sexta próxima, está no teatro Teleton, em Santiago, capital do Chile. Na próxima segunda, "Stomp" enfrenta um novo desafio.
Dá início, no teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, à sua primeira visita ao Brasil, um país onde o ritmo está presente, assim como em "Stomp", no dia-a-dia.
O espetáculo é uma invenção de Luke Cremwell e Steve McNicholas, dois britânicos que nos anos 80 ganhavam dinheiro com espetáculos de rua no Reino Unido.
Em 1986, a dupla formou o grupo Yes/No People e começou a aprofundar suas pesquisas com os sons de objetos utilizados no cotidiano, como latas, panelas, canos de plástico, sacos de papel. Deu certo, a idéia cresceu, radicalizou-se, surgiu "Stomp".
Estréia
A estréia aconteceu em 1991 em Londres. Seguiram-se apresentações mundo afora e, em 1994, uma segunda companhia foi criada em Nova York, onde apresenta-se permanentemente.
São oito performers -dois deles brasileiros-, que, durante uma hora e meia, "tiram som" de tudo o que encontram pela frente.
Logo na primeira cena, "Stomp" já diz a que veio. Um dos atores/músicos/bailarinos começa a varrer o palco. Em poucos segundos, descobre, no esfregar da vassoura, um ritmo. Entrega-se a ele, explora todas as suas possibilidades, contamina todo o elenco.
Para integrar a equipe de "Stomp", dizem seus criadores, é preciso ter personalidade e carisma. "Procuramos pessoas com senso de aventura", diz Luke Cremwell. "Pessoas que queiram criar algo por si mesmas, adicionar suas próprias idéias."
"Stomp" é também um poderoso espetáculo visual.
Em uma das cenas de maior impacto, inspirada nas apresentações de McNicholas em clubs da Inglaterra, quatro performers, de costas para a platéia e pendurados pela cintura por cordas, balançam para a direita e para a esquerda e tocam uma enorme bateria que ocupa toda a parede de trás do palco.

O jornalista Otávio Dias viajou a Santiago a convite da produção de "Stomp" no Brasil.

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