São Paulo, terça-feira, 6 de agosto de 1996
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Clinton confirma sanções a Líbia e Irã

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente dos EUA, Bill Clinton, assinou ontem uma lei que cria sanções contra empresas estrangeiras que invistam no Irã ou na Líbia, países considerados "patrocinadores do terrorismo".
A Lei D'Amato-Kennedy, que já causou protestos de países europeus, pretende desestimular o investimento nesses países.
"O Irã e a Líbia são dois dos mais perigosos patrocinadores do terrorismo no mundo", disse o presidente Clinton, na cerimônia de assinatura no Salão Oval.
Ele estava ao lado de familiares de vítimas do vôo 103 da Pan Am, que explodiu sobre Lockerbie (Escócia) em 1988, deixando 270 mortos. A Líbia é acusada de proteger dois suspeitos do atentado.
Clinton também estava ao lado de dois homens que foram tomados como reféns na Embaixada dos EUA no Irã em 1980.
A lei é semelhante a uma outra que Clinton assinou pouco após a derrubada de dois aviões civis americanos por caças cubanos.
A Helms-Burton, como é chamada a lei de sanções a Cuba, prevê punições a empresas estrangeiras que tenham bens que pertenceram a americanos antes de serem tomados por Cuba após 1959.
Questionado sobre possíveis retaliações à lei contra Líbia e Irã, Clinton respondeu: "É uma decisão que eles vão tomar. Mas todo país avançado vai ter de decidir se pode fazer negócios de dia com pessoas que se viram e lançam ataques a seus civis inocentes à noite".
A lei foi assinada pouco mais de duas semanas após a explosão de um avião da TWA próximo a Nova York, que deixou 230 mortos.
A explosão, cujo motivo ainda não foi esclarecido, foi semelhante ao atentado de Lockerbie, e os EUA investigam a participação do Irã, segundo a revista "Time".
A lei também foi assinada dias depois do secretário de Defesa dos EUA, William Perry, afirmar que o Irã era suspeito de um atentado que matou 19 soldados americanos na Arábia Saudita em junho.
Reação
O Irã disse que a decisão de Clinton está "destinada ao fracasso" e que provocará o isolamento dos EUA. O país afirmou que a lei contrariava o livre comércio mundial.
O Irã também acusou os EUA de transferir o seu problema de terrorismo interno para o exterior.
A lei prevê que o presidente Clinton escolha pelo menos duas de seis possíveis sanções contra empresas que invistam US$ 40 milhões ou mais na Líbia ou no Irã em petróleo ou gás natural.
Entre as possíveis sanções estão: proibição de fazer negócios com o governo americano, proibição de importação de produtos pelos EUA, limitação a US$ 10 milhões anuais de empréstimos tomados junto a instituições financeiras americanas, proibição do recebimento de bens ou equipamentos que dependam de licenças de exportação dos EUA, negação de toda assistência pelo Eximbank (banco de importação e exportação).

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