São Paulo, terça-feira, 6 de agosto de 1996
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Dole promete megacorte de impostos

PATRICIA DECIA
DE NOVA YORK

Em campanha pela Presidência dos EUA, o ex-senador republicano Bob Dole anunciou ontem em Chicago sua proposta de cortar 15% no Imposto de Renda de todos os americanos caso seja eleito.
O plano, classificado de "reaganiano" em referência à política liberal do ex-presidente Ronald Reagan (81-88), provocou indignação no governo de Bill Clinton.
"Essa proposta criará um buraco na dívida interna e vai aumentar a taxa de juros", afirmou Clinton. Os cortes representariam uma queda na arrecadação de US$ 548 bilhões em seis anos.
Os democratas acusam Dole de tentar comprar o voto dos eleitores com a promessa de menos impostos ao custo de enfraquecer a economia do país.
"Entre as consequências da medida está a redução do crescimento econômico a longo prazo", afirmou o vice-presidente Al Gore.
Para cobrir o déficit, Dole aposta que a medida alavancará um crescimento econômico na casa dos 3,5% ao ano, produzindo arrecadação extra de US$ 145 bilhões, ou 27% do preço total do corte de impostos. Na última década, o crescimento econômico nos EUA foi, em média, 2% ao ano.
Dole propõe ainda reduzir 10% das despesas administrativas, economizando US$ 60 bilhões. Ele quer também extinguir quatro chefias de departamentos: desenvolvimento urbano, comércio, educação e energia.
A proposta de Dole foi lançada uma semana antes da Convenção Nacional do Partido Republicano, quando o ex-senador será oficialmente indicado como candidato do partido para a eleição presidencial de novembro.
Com um passado mais voltado à contenção de déficits do que ao corte de impostos, Dole teria concordado com idéias originalmente propostas por Steve Forbes, seu rival durante as primárias.
Segundo a imprensa norte-americana, o ex-senador necessitava de "algo dramático" para sua campanha, já que está até 20 pontos percentuais atrás de Clinton em algumas pesquisas. "Agora, somos o partido da mudança", discursou Dole.
Como resultado, cerca de 40 milhões de americanos não precisariam declarar imposto, a não ser que quisessem restituições. Dole prevê que, em 2002, o orçamento do país estaria balanceado.

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