São Paulo, terça-feira, 6 de agosto de 1996
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Alemanha busca testemunha de Priebke

IMRE KARACS
DO "THE INDEPENDENT", EM BONN

O ex-oficial da SS (tropa de elite nazista) que afirma saber onde se encontra o desaparecido ouro roubado pelos nazistas e que foi a testemunha-chave do julgamento fracassado de Erich Priebke está sendo procurado pela Alemanha.
O governo alemão confirmou ontem estar tentando extraditar da Itália o ex-major da SS Karl Hass, 84. O país pretende submetê-lo a julgamento pelo massacre das Fossas Ardeatinas, ocorrido próximo a Roma em 1944.
Enquanto Priebke fugiu para a Argentina após a guerra, Hass passou os últimos 50 anos na Itália, sem ser procurado por ninguém.
Era dado como morto, mas, em maio, foi descoberto pela promotoria do caso Priebke na Suíça.
Hass foi convencido a retornar à Itália para o julgamento. Na véspera do dia do depoimento, o ex-oficial mudou de idéia, tentou fugir do hotel e fraturou a bacia.
Hass desmontou os argumentos da promotoria, insistindo que Priebke não tivera outra opção a não ser obedecer ordens. Ele acabou se implicando no massacre.
Na semana passada, um tribunal italiano julgou Priebke culpado de homicídio, mas considerou que ele não pode ser punido pelo crime, cometido há mais de 50 anos.
As chances de Hass retornar à terra natal parecem bem maiores. Não há nenhum terceiro país envolvido na questão (como a Argentina, de onde Priebke foi extraditado), e até agora os italianos não têm demonstrado grande preocupação com ele, excetuando o cuidado de colocar policiais armados na porta de seu quarto.
Hass deu a entender que existiria uma conspiração envolvendo governos ocidentais e agências de informação para proteger criminosos de guerra da Justiça. Disse ao jornal "Il Messaggero" que ele havia sido autorizado a viver em paz.
Hass também declarou que parte do ouro roubado pelos nazistas ainda está enterrada em uma fortaleza nas redondezas de Bolzano.
Ontem, cem argentinos fizeram um protesto em frente à Embaixada da Itália no país contra a decisão do tribunal italiano de não punir Priebke. Em Roma, 3.000 pessoas, entre elas o premiê Romano Prodi, fizeram uma manifestação em homenagem às vítimas.
O advogado de Priebke na Argentina, Pedro Bianchi, disse ontem que o ex-nazista "não tem do que se arrepender".
O prefeito de Bariloche (cidade onde Priebke morava), César Miguel, pediu ao presidente Carlos Menem o mesmo tratamento dado ao ex-nazista para os militares acusados de genocídio na Argentina, que foram anistiados. Menem proibiu a volta de Priebke.

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