São Paulo, terça-feira, 6 de agosto de 1996
Texto Anterior | Índice

Planos de saúde; PAS; Ingenuidade; Desculpas; Escândalo do século; Arrogância; Volúpia censória

Planos de saúde
"Sobre o artigo de Caio Rosenthal 'Prazer em conhecer, tenho HIV...' (11/7): com referência à suposta 'podridão submersa sob os planos de saúde e medicina de grupo', sinto-me na obrigação de adverti-lo sobre o assunto.
Recordo-lhe que o hospital em que v.sa. trabalha, o renomado Albert Einstein, atende a inúmeros convênios sem que nunca se tenha ouvido falar de podridão por ali.
Afirmações absurdas e irresponsáveis como as suas comprometem a veracidade das informações contidas em seu artigo, tão bem pensado e rotundamente mal versado."
Ayres da Cunha, deputado federal pelo PFL-SP (São Paulo, SP)

PAS
"O leitor Luís Ferreti, conselheiro do Conselho Estadual dos Direitos Humanos da Criança e do Adolescente, demonstra não estar preparado para aconselhar, já que qualifica o PAS como uma grande besteira e um péssimo exemplo para os serviços públicos, a democracia e para o cidadão.
Afirma que é atribuição do Estado garantir os serviços gratuitos e eficientes de saúde e que o PAS acaba com essa gratuidade.
Que fique bem claro: o PAS é de atendimento universal e gratuito. A população nada paga. O repasse de verbas para o atendimento à saúde é feito única e exclusivamente pela prefeitura."
Orlando Magnoli, coordenador de comunicação do PAS -Plano de Atendimento à Saúde (São Paulo, SP)

Ingenuidade
"O Luís Nassif está sendo ingênuo ao encontrar no PAS uma alternativa para os problemas do SUS.
Tanto as auditorias privadas quanto as pesquisas de opinião junto aos clientes são instrumentos que podem ter uso político para maquiar a imagem do sistema sem, no entanto, garantir o atendimento das expectativas de qualidade do verdadeiro usuário.
É uma pena que as críticas ao PAS de todas as entidades médicas, em sintonia com os movimentos organizados de saúde, estejam sendo consideradas de menos crédito que os argumentos propagandeados pelo prefeito Paulo Maluf."
Guilherme de Araújo Lucas (Estocolmo, Suécia)

Resposta do jornalista Luís Nassif - O colunista se considera tão impermeável a patrulhamentos ideológicos que se sente à vontade tanto para elogiar os aspectos positivos do SUS (coisa que tem feito de maneira quase isolada na imprensa) quanto do PAS.

Desculpas
"Nesta semana o coronel Passarinho (no 'Roda Viva') e Roberto Campos (na Folha) se juntaram a Priebke. Ainda não aprenderam que não é necessário impor ditadura, cometer injustiças e violências a pretexto de preservar a democracia.
Como muitos que foram injustamente presos, recebemos com a anistia o 'perdão'. Estamos esperando não compensações financeiras, mas o pedido de desculpas de Passarinho e Campos."
Isaias Raw, diretor do Instituto Butantan e professor da Faculdade de Medicina da USP -Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Escândalo do século
"De agora em diante o governo federal vai começar os estímulos para a Olimpíada 2004/Rio candidato. Há chances de ser o escândalo do século. Desse ou do próximo.
Beneficiários: TVs, jornais, jornalistas, vendedores de placas, intermediários de patrocinadores, rede hoteleira e alguns empregos temporários.
Destino da conta (como sempre): estatais falidas, fundos de pensão de estatais e BNDES. Equação final: 150 milhões de pessoas aproximadamente pagarão uma bela conta para assistir a Olimpíada no Rio.
Tudo como sempre no governo social da tucanada. É a distribuição de renda planejada na Sorbonne/USP."
Luiz Gornstein (São Paulo, SP)

Arrogância
"Perder para o Japão, deixar a Nigéria empatar um jogo quase ganho, perder a chance de ir à final, tudo isso a gente perdoa.
Mas não comparecer à cerimônia de entrega de medalhas é de uma arrogância indescritível, medonha, imperdoável.
Com essa atitude, a seleção não fez jus à medalha de bronze, que cairia melhor no peito dos portugueses."
Teresa Albuquerque de Araújo Vondung, seguem-se mais quatro assinaturas (Belo Horizonte, MG)
*
"O Brasil perdeu no futebol a maior esperança (sic) desta Olimpíada. Agora, quem sabe, deixaremos de ser conhecidos como o país do futebol e do Carnaval e seremos conhecidos como o país do vôlei, basquete, vôlei de praia, iatismo, hipismo, judô, natação, atletismo, tênis, futebol feminino e tantos outros esportes que realmente brilharam em Atlanta."
Ana Maria F.B. Garrafa (São Paulo, SP)

Volúpia censória
"Em 4/8, após a leitura de crítica estampada no TV Folha e assinada por Fernando de Barros e Silva, decidi dar por encerrado meio século de convivência com este jornal.
Foi a gota d'água. Esgotaram-se minha paciência e minha tolerância com um jornalismo sombrio, mórbido, mal-humorado, bilioso e negativista.
Por todas as seções do jornal -da política à esportiva, da econômica à cultural- perpassa, cronicamente, um tom de azedume, arrogância intelectual, 'donismo' da verdade e catastrofismo.
Para a Folha, qualquer manifestação de orgulho nacional e confiança no país é colocada preconceituosamente sob suspeita.
A Folha perdeu o senso de proporção e de equilíbrio, de modo que não consegue mais distinguir entre espírito crítico e volúpia censória. Estou velho demais para me intoxicar com tanta bílis."
Volney Correa de Moraes (São Paulo, SP)

Texto Anterior: CPMF: assalto legalizado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.