São Paulo, sexta-feira, 9 de agosto de 1996
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Rossi ataca Universal por apoiar Serra

ANA MARIA MANDIM
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PDT à Prefeitura de São Paulo, Francisco Rossi, disse ontem que seu adversário do PSDB, José Serra, e a Igreja Universal do Reino de Deus devem explicar como foi o acordo que fecharam para apoiar a candidatura tucana. O pedetista é evangélico.
Na última terça-feira, o ministro das Comunicações, Sérgio Motta, e o bispo Carlos Rodrigues, coordenador político da Universal, encontraram-se em São Paulo para costurar o acordo.
"Esse tal Rodrigues"
"Esse tal Rodrigues foi o mesmo que no ano passado me procurou, buscando apoio político, e me pediu uma ou duas secretarias para atuar na área social", disse Rossi, antes de caminhada na rua do Gasômetro, no Brás (centro).
"Eu não pensei duas vezes para dizer não. Se eu tivesse topado, teria o apoio da Universal."
O candidato do PDT afirmou que "está faltando um pouco mais de compostura aos políticos": "Que negócio é esse? Um fica com a entidade, outro com o bispo".
Rossi disse que acha "graça" quando pensa no que aconteceria se fosse ele quem estivesse tentando o apoio da Universal.
"Senti no meu coração que não deveria procurar nenhum pastor, bispo ou igreja, para evitar esse tipo de exploração, porque isso passa uma coisa muito ruim para a opinião pública", afirmou.
"Depõe contra os políticos e os líderes dessas religiões, que tentam negociar a glória de Deus".
"Palavra de Deus"
O pedetista citou o Evangelho: "Na palavra de Deus, está muito claro: 'Eu não dou a minha glória a outrem'. Quando ele diz que não dá, leia-se também que não vende. Tem gente querendo negociar ou vender a glória de Deus".
O bispo Rodrigues disse ontem à Folha que foi Rossi quem procurou sua igreja, no ano passado, e, há um mês, mandou um "emissário" para "reatar relações".
Rodrigues não revelou o nome do emissário. "Ele é presidente de um partido pequeno que apóia o Rossi."
Segundo Rodrigues, ele próprio e o bispo von Helder encontraram-se com Rossi. "Ele nos pediu apoio, e nós lhe pedimos que nos deixasse atuar na área social dentro de uma secretaria (de Estado)".
Rossi, segundo o bispo, disse que iria pensar: "Até hoje não respondeu". Ele afirmou que achou o candidato "enrolador", "titubeante" e desaconselhou o apoio.
Sobre a "falta de compostura" mencionada pelo pedetista, o bispo respondeu: "Somos eleitores e estamos exercendo nosso direito de cidadania".

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