São Paulo, sexta-feira, 9 de agosto de 1996
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UFSCar inaugura hoje a Sala Florestan

Acervo reúne 20 mil documentos

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar, 244 km a noroeste de São Paulo) inaugura hoje a Sala Florestan Fernandes, com o acervo de 20 mil documentos reunidos pelo sociólogo em seus 75 anos de vida.
Morto há exatamente um ano, Florestan Fernandes tinha em sua biblioteca particular -que ocupava praticamente todo o seu apartamento de São Paulo- 12.000 livros e 8.000 jornais, cartas, recortes e até fichas de leitura.
Comprada por R$ 160 mil pela universidade, essa coleção está sendo remontada nas mesmas estantes e ordem em que o sociólogo a deixou.
Coerente com o passado político marxista de Florestan Fernandes, o seu acervo passa a fazer parte de uma das poucas bibliotecas universitárias comunitárias do país -ou seja, aquela em que qualquer pessoa pode se cadastrar e retirar obras.
A coleção do sociólogo, por ser um acervo histórico, só estará disponível para consulta no local -onde também ficarão expostos seus móveis de escritório, entre outros objetos pessoais.
Centro de referência
A inauguração da Sala Florestan Fernandes deve tornar a Biblioteca Comunitária da UFSCar o principal centro de referência sobre o autor.
"Antes mesmo da abertura, estamos recebendo materiais, como fotos e artigos sobre Florestan Fernandes, reunidos por outras pessoas", diz a diretora, Lourdes de Souza Moraes.
A Folha doou para a sala dez fotografias e cópias dos cerca de 500 artigos de autoria de Florestan publicados pelo jornal entre 1º de julho de 1943 e 11 de agosto de 1996.
Coluna semanal
Além da colaboração de cinco décadas com a Folha, o sociólogo assinou uma coluna semanal na segunda página do jornal de junho de 1989 até sua morte.
Segundo Moraes, "o valor da coleção adquirida pela universidade não está em obras raras". "É uma biblioteca de sociologia, antropologia e história muito completa. Mas o mais interessante é o que nós, da área de biblioteconomia, chamamos de marginalia."
Anotações
Florestan "era muito metódico", conta Moraes, e anotava comentários na margem de todos os livros que lia.
Com a soma dessa marginalia, mais as fichas de leitura, os recortes de jornais -também comentados- e todos os seus escritos, é possível refazer, passo a passo, a trajetória intelectual de um dos maiores sociólogos brasileiros.
Moraes calcula que mais de 40% dos 12 mil livros da coleção têm comentários nas margens.

Biblioteca Comunitária da UFSCar - Campus Norte da UFSCar, Rodovia Washington Luís, km 235, CEP 13565-905, tel. (016) 274-8133, fax. (016) 274-8473

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