São Paulo, sexta-feira, 9 de agosto de 1996
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Meta de FHC causa disputa no governo

GILBERTO DIMENSTEIN
em Brasília
SÔNIA MOSSRI

GILBERTO DIMENSTEIN; SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Hoje, presidente reúne equipe, que diverge sobre como obter verba para investir

A determinação do presidente Fernando Henrique Cardoso em obter mais verbas para investimentos prioritários nos dois últimos anos de mandato desencadeou uma disputa no ministério.
A iniciativa de FHC vai ser um dos pontos principais de reunião ministerial que será realizada hoje, às 9h30, no Palácio do Planalto.
Clóvis Carvalho (Casa Civil) e Luiz Carlos Bresser Pereira (Administração) não se entendem por causa da reforma do Estado.
Sérgio Motta (Comunicações) e Eduardo Jorge (Secretaria Geral da Presidência) defendem que o governo use a entrada de dinheiro vivo da privatização em projetos de investimento.
Já o ministro Pedro Malan (Fazenda) quer manter os recursos da venda de estatais para reduzir a dívida pública mobiliária.
Clóvis Carvalho avalia que o melhor modo para o governo obter mais verbas para investir é reestruturando o setor público, com demissões de funcionários e fechamento de órgãos.
Segundo a Folha apurou, o ministro responsabiliza Bresser de não apresentar uma proposta de reformulação do Estado, como a defendida por ele.
Já Bresser reclama que apresentou no início do governo programa de reestruturação do setor público, mas não teve apoio político do próprio governo.
A extinção de órgãos federais é uma idéia que encontra obstáculos políticos. A entrega de cargos indicados por parlamentares da base governista é um dos principais instrumentos de articulação política do Palácio do Planalto.
O objetivo de FHC é conseguir recursos para cerca de 50 projetos de investimentos e programas sociais, em 97 e 98, considerados prioritários pelo Planalto.
No esforço de alcançar mais verbas, o presidente estuda a alternativa de usar recursos da privatização para as metas estabelecidas.
A estimativa é que isso geraria cerca de R$ 3 bilhões em recursos adicionais já no próximo ano.
Atualmente, aquilo que ingressa no Tesouro oriundo da venda de estatais é destinado à redução da dívida pública mobiliária federal.
A idéia de empregar o dinheiro arrecadado com a privatização em projetos de investimento ganhou força junto a FHC ao receber informações dos ministérios do Planejamento e da Fazenda sobre a falta de disponibilidade de recursos orçamentários em 97.
Essa proposta é defendida pelo ministros Motta e Eduardo Jorge. Pedro Malan discorda.

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