São Paulo, sexta-feira, 9 de agosto de 1996
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Fiscais têm de ouvir série de desculpas

Técnica da Cetesb diz receber reclamações

DA REPORTAGEM LOCAL

Os policiais e funcionários da Cetesb que trabalham na fiscalização do rodízio estão escutando um extenso repertório de desculpas para infringir a restrição de circulação.
"Há desde o infrator cara-de-pau até o que se diz mal-informado", conta a técnica da área financeira da Cetesb Sarah Borges Lucena, 38, que atua como fiscal na praça Pan-Americana (zona oeste).
Segundo ela, muitas pessoas reclamam com os fiscais quando percebem que foram multados.
"Ontem apareceu um cara a pé pedindo para cancelar a multa que ele recebeu na segunda-feira. Ele disse que levou o carro para casa quando percebeu que não poderia circular com a placa com final 1", conta Sarah, cansada de ficar a manhã inteira de pé.
Ela é contra o rodízio porque acha que a medida não resolve o problema da poluição na cidade. "Não refresca muita coisa."
O diretor de controle ambiental da Cetesb, Ernesto Lima, 49, conta que é comum infratores com placas de outras cidades alegarem que estão só de passagem e que não sabiam da proibição.
"Ninguém gosta de levar multa e inventa qualquer história, por mais absurda que pareça."
O PM Edvaldo Faustino da Silva, 21, não resiste ao riso ao lembrar das desculpas que recebeu.
"Apareceu um cara com o olho inchado dizendo que tinha escorregado no banheiro de casa e que não tinha outro carro para ir ao médico", conta.
Outra desculpa que, segundo Silva, "não colou", foi a de um homem que transportava suas duas filhas vestidas com uniforme escolar, às 12h30 de anteontem. "Ele ainda teve a cara-de-pau de dizer que estava voltando de viagem."

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