São Paulo, sexta-feira, 9 de agosto de 1996
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DESEMPREGO E TRUCULÊNCIA

A repressão à greve geral na Argentina e a deplorável invasão da sede do Ministério da Fazenda em São Paulo, organizada pela Força Sindical, foram demonstrações lamentáveis de autoritarismo e prepotência.
Para além desses aspectos, entretanto, a inusitada radicalização de uma central sindical brasileira tida como mais moderada e, principalmente, a elevada adesão à greve geral na Argentina contra a política econômica do outrora popular governo Menem, ambas ocorridas ontem, são indícios de que a insatisfação social relacionada ao desemprego pode estar atingindo novos patamares.
Aqui, as notícias gerais sobre o nível de emprego industrial não são animadoras e o desemprego vem ganhando maior visibilidade -vale lembrar que a invasão do ministério foi antecedida da ocupação da Vicunha, quando as angústias de alguns dos demitidos apareciam em entrevistas na televisão.
Na Argentina, é significativo que tenha sido a CGT (Confederação Geral do Trabalhadores) a convocar a greve geral que alcançou a maior adesão desde a primeira posse de Menem. A CGT é peronista como o governo e até agora relutara em opor-se diretamente à política oficial.
A Confederação declarou que o movimento atingiu 90% dos trabalhadores e rádio local chegou a atribuir à União Industrial Argentina estimativa inicial um pouco menor, de 70%. São taxas muito altas.
É preciso registrar que a situação na Argentina é muito mais difícil que no Brasil. Aquele país entrou em recessão no ano passado e o desemprego mantém-se em níveis recordes, da ordem de 18%. Ainda assim, o conflito entre o combate à inflação e o desejo de relançar a economia além dos constrangimentos impostos pela valorização cambial são desafios que os dois países têm em comum. E se a insatisfação mostra-se de maneira mais evidente, a solução do problema ainda não está à vista.

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