São Paulo, sexta-feira, 9 de agosto de 1996 |
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Devolução; Incorreções; Rodízio; Produtividade; Excesso de arrogância; Propaganda; Gigante adormecido Devolução "Alguns esclarecimentos sobre a reportagem referente à utilização, por mim, do serviço médico-odontológico do Senado: A reportagem está correta no essencial: o serviço existe, é utilizado pelos senadores e foi utilizado por mim para um tratamento caro e necessário. Fiquei chocado com a repercussão da notícia. Ainda que exata no seu conteúdo, a divulgação do fato recebeu de alguns amigos meus, e certamente de muitos de meus eleitores, interpretações que vão além do fato e que podem manchar minha biografia política. Embora não tenha cometido qualquer ilegalidade e embora o uso do ressarcimento das despesas médicas tenha sido necessário justamente porque elas excedem meus rendimentos, senti-me na obrigação de restituir ao Senado as despesas pagas. Já formalizei ao presidente da Casa essa solicitação, pedindo o parcelamento mensal do débito." Vilson Kleinubing, senador -PFL-SC (Brasília, DF) Incorreções "O texto 'Filme segue para Justiça Estadual' (3/8) é uma catástrofe. Denomina minha colega Samantha Dobrowolski (até seu nome saiu errado), procuradora da República em São Paulo, de 'procuradora da Justiça Federal', cargo que não existe no Direito brasileiro. O Ministério Público é instituição autônoma em relação aos três Poderes, não fazendo parte do Judiciário, como pensam alguns. Portanto não há procuradores nem promotores 'da Justiça' ou 'do tribunal' A, B ou C. Existe o cargo de 'promotor de Justiça', no Ministério Público dos Estados, mas seus detentores são autênticos membros do MP e não do Judiciário. A nota logo depois a rotula de 'juíza da Procuradoria'. A recíproca é verdadeira, isto é, não há juízes no MP brasileiro, de forma que não pode haver 'juiz da procuradoria'. Se os jornalistas dedicarem mais atenção à área jurídica, deixarão de registrar aberrações como as citadas e, por exemplo, as de que o procurador ou promotor ordenou a prisão de alguém (quem ordena é o juiz), o juiz deu parecer (juiz não dá parecer, decide) etc." Wellington Cabral Saraiva, procurador da República no Distrito Federal (Brasília, DF) Nota da Redação - Leia seção "Erramos" abaixo. Rodízio "Apregoar que a população de São Paulo aderiu ao famigerado rodízio de veículos é uma inverdade. Basta andar pelas marginais e avenidas antes das 7h para observar a predominância -seguramente mais de 80%- dos automóveis com os 'números do dia'. Os índices de poluição na capital não diminuíram, mas pelo menos o secretário Feldmann pode se orgulhar de ter conseguido fazer o descansado paulistano madrugar para não ser multado." Orlando Zago (São Paulo, SP) * "O direito de propriedade, garantido constitucionalmente, não pode se sobrepor ao direito coletivo ao 'meio ambiente ecologicamente equilibrado' (art. 225, Constituição Federal), e sua defesa é imposta ao poder público. O rodízio obrigatório é uma medida para proteção do meio ambiente sadio, direito difuso da população, e uma garantia do interesse público primário." José Agostinho M. Galvão de Barros Filho (São Paulo, SP) Produtividade "Em 31/7 meu filho Raphael de Mauricio Rosa, de 17 anos, enviou um fax à Folha mostrando um erro no caderno Atlanta 96. A Folha chamou de produtividade, na tabela de medalhas, um índice que dividia o número de medalhas conquistadas pelo número de atletas da delegação, não levando em consideração as competições não-individuais. No fax foi informado como deveria ser calculado o índice de produtividade corretamente, onde o número de medalhas deveria ser calculado contra o número de provas disputadas. Exemplo: vôlei de praia feminino -duas duplas disputaram e as duas duplas venceram, produtividade = 100%; vôlei de praia masculino -duas duplas disputaram e as duas duplas perderam, produtividade = 0%; vôlei de praia total -quatro duplas disputaram e duas duplas venceram, produtividade = 50%. Neste exemplo o índice da Folha seria de 25% (duas medalhas para oito atletas), ou seja, uma diferença de 100% entre os índices. A esperança, que meu filho ainda depositava, de que a Folha pudesse publicar o índice de produtividade correto, e com isso sanar a sua curiosidade de esportista, se desmanchou, e com ela a credibilidade da Folha foi junto. Fora o erro estatístico, o mais grave foi o garoto ter ficado sem resposta. Folha, você pisou na bola, espero que seus índices de produtividade não sejam medidos assim." Mauricio Rosa (São Paulo, SP) Nota da Redação - Texto publicado na capa do caderno Atlanta 96 em 26 de julho, dia em que a Folha começou a publicar o ranking, ressaltava que "os esportes que cada país disputa podem influir na produtividade. (...) Um país que tenha poucos atletas e privilegie esportes individuais pode ter melhor desempenho". No critério sugerido pelo leitor, a produtividade não seria afetada pelo tipo de esporte disputado, mas não seria levado em conta o gasto de cada país em participar com uma equipe maior ou menor. A Folha optou por privilegiar este segundo critério. Excesso de arrogância "A crônica de Matinas Suzuki Jr. sobre a nossa seleção de futebol publicada em 1º/8 está primorosa e reflete o sentimento de milhões de brasileiros frustrados. Sem dúvida faltou a nossos jogadores uma melhor formação tática, ao lado de falta de preparo físico e psicológico. Faltou conjunto. Faltou garra. Faltou um líder em campo. Faltou caráter e bom senso. Só não faltou arrogância dos jogadores e dos dirigentes. Concordo com você -nossa seleção não merecia a medalha de ouro." Edmundo Maia (Taboão da Serra, SP) Propaganda "Sobre a reportagem 'Neonazistas recrutam na Internet': absurda a propaganda nazista feita pela Folha, fornecendo inclusive endereços. Com certeza este não é mais o jornal que quero ler." Anne L. Rusu (São Paulo, SP) Gigante adormecido "Concordo com Jean-Marie le Pen quando ele diz que o Brasil é '...como os dinossauros' e que é 'um gigante adormecido' (28/7). O Brasil é um 'gigante pela própria natureza', porém acomodou-se e não desenvolveu a sua potencialidade de 'impávido colosso'." Luciano Alves Teixeira (Alfenas, MG) Texto Anterior: Mandato ou cheque em branco? Índice |
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