São Paulo, sábado, 10 de agosto de 1996 |
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Para Contag, Malan atrapalha reforma Faltam recursos, diz Urbano DANIELA FALCÃO
A afirmação foi feita em solenidade em Brasília para marcar um ano do massacre de 11 sem-terra em Corumbiara (sul de RO). Para Urbano, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) tem "boa vontade", mas suas ações são limitadas. "As desapropriações estão acontecendo. Mas esbarram na falta de recursos do Incra. Desapropriação sem posse não é reforma agrária", disse Urbano. Segundo o presidente da Contag, o ministro Pedro Malan (Fazenda) está fazendo uma "barbaridade" ao reter a verba do Incra. Urbano negou qualquer possibilidade de trégua. Ele disse que o ritmo das invasões não vai diminuir. "Não existe um plano nacional de reforma agrária. O governo está correndo atrás dos conflitos e das invasões. Se a gente parar, as ocupações também param", disse. A Contag tem hoje 117 acampamentos de sem-terra. Entre as áreas ocupadas, há três fazendas de devedores do Banco do Brasil. Uma delas, a Santa Idelfonso, em Barra do Garça (MS), foi comprada ontem pelo Incra. Há 465 famílias no local desde setembro de 1995. As outras invasões da Contag em áreas de inadimplentes do BB ficam em Urucuia de Minas (MG) e Canindé do São Francisco (SE). Ritmo lento Mas, disse Urbano, o problema é a demora entre a desapropriação e a imissão de posse. Levantamento da Contag indica que menos de 10 das 130 áreas desapropriadas receberam imissão de posse. Urbano disse ontem que não teme as ameaças do presidente da Confederação Nacional da Agricultura, Antonio Ernesto de Salvo, de que invasões poderiam desencadear confrontos armados. "Os latifundiários sempre foram atrasados e agiram com violência. Tanto é que 420 sem-terra morreram em conflitos com proprietários nos últimos dez anos. As ameaças não assustam mais", afirmou Urbano. Texto Anterior: SP tem caso retardado Próximo Texto: MST aguarda terra de físico Índice |
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