São Paulo, sábado, 10 de agosto de 1996
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Justiça deve arquivar inquérito da morte

EMANUEL NERI; VANDECK SANTIAGO
DOS ENVIADOS ESPECIAIS A MACEIÓ

Com base no laudo preparado pela equipe de Badan Palhares, a tendência da Justiça é determinar o arquivamento do inquérito. O delegado Cícero Torres tem prazo até o dia 24 de agosto para concluir suas investigações e mandar as conclusões para o juiz.
Para concluir que Suzana matou PC e depois se suicidou, Palhares realizou centenas de exames laboratoriais tanto em resíduos dos corpos como em material localizado na casa em que ocorreu o crime. Os corpos foram necropsiados duas vezes.
Segundo o legista, PC morreu entre 5h e 7h da manhã. Ele disse que está descartada a hipótese da presença de uma terceira pessoa no local do crime -fato sugerido pelas ligações telefônicas de Suzana Marcolino para o dentista Fernando Colleoni.
Para Palhares, a morte de PC foi instantânea -demorou menos de um minuto. A morte de Suzana, ocorrida logo em seguida à de PC, foi mais lenta -pode ter demorado mais de dez minutos.
Ao atirar em PC, segundo Palhares, Suzana estava de pé ao lado esquerdo da cama -posição de quem olha a cama no sentido dos pés para a cabeceira. A distância entre os dois era de 1,2 metro. PC dormia de lado -com o rosto voltado para ela.
Impacto
Com o impacto da bala, de acordo com o legista, PC virou-se e ficou na posição em que foi fotografado na cena do crime -em decúbito dorsal, com o peito voltado para cima. Não houve grande movimentação do corpo.
Foram encontrados resíduos metálicos no dorso das mãos do empresário alagoano.
O impacto da bala no corpo de Suzana também provocou alterações na posição do corpo. Segundo animação computadorizada feita pela equipe da Unicamp, Suzana segurava o revólver junto ao peito com as duas mãos.
Suas duas pernas estavam colocadas sobre a cama -o pé da direita ligeiramente colocado sob a perna esquerda.
O tiro foi disparado a curtíssima distância. Com o impacto do tiro, Suzana caiu para trás e ficou deitada na cama, com o peito para cima. Sua perna direita caiu da cama.
Palhares afirmou não ter encontrado sinais de luta corporal em nenhum dos corpos. Antes, havia informações de familiares de Suzana de que seu pescoço estava quebrado e de que havia hematomas em seu rosto e nos lábios.
Segundo o legista, havia queimaduras em volta do orifício da bala no peito esquerdo de Suzana. Isso significa que o revólver estava junto ao seu corpo quando ela atirou contra o peito.
Os exames realizados em Salvador indicam que PC e Suzana não estavam drogados nem foram envenenados. Segundo Badan, os dois morreram no quarto (descartando a hipótese de que tenham sido mortos fora da casa) e sobre a cama.
Contestação
O médico-legista George Sanguinetti, professor da Universidade Federal de Alagoas, contestou o trabalho de Palhares. Disse que PC Farias só poderia ter sido atingido na posição descrita por Badan Palhares caso Suzana estivesse no teto da casa.
Houve um princípio de bate-boca entre Palhares e Sanguinetti. O legista da Unicamp disse que seu colega não viu o cadáver nem acompanhou o processo de exumação e autópsia.
Presente à leitura do relatório, o deputado federal Augusto Farias (PSC-AL), irmão de PC, chamou Sanguinetti de "incompetente". Se não for incompetente, segundo Farias, o legista alagoano é um "psicopata que não tem cura".
(EMANUEL NERI e VANDECK SANTIAGO)

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