São Paulo, sábado, 10 de agosto de 1996
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Artérias de PC se romperam

DOS ENVIADOS ESPECIAIS

Uma das maiores dúvidas sobre a morte de PC -o fato de as fotos feitas pelos peritos no local do crime não terem registrado sinais de sangue em seu corpo- foi explicada ontem por Badan Palhares.
Segundo ele, vários motivos provocaram a ausência de sangue. A primeira delas é que a bala percorreu área de tecido adiposo, rico em gordura. A segunda explicação é a posição em que o corpo ficou, após o tiro, voltado para cima.
A terceira explicação, a mais importante, segundo Palhares, é o percurso da bala no corpo de PC. Embora o projétil tenha entrado abaixo do peito esquerdo, ele percorreu quase dez centímetros por baixo da pele.
A bala só entrou para o interior do corpo na altura do osso externo, que junta as costelas na altura dos dois peitos. Ali, o projétil estraçalhou o mediastino, depois de passar pelo pulmão. A veia cava e a artéria aorta se romperam.
O estrago da bala na cava e na aorta, segundo Palhares, fez com que a pressão arterial de PC caísse a zero. Com isso, o sangue não teve força para sair pelo orifício da bala.
Palhares comparou essa situação a dois tanques cheios de água, unidos na parte inferior por um cano de borracha. Se o cano é cortado, o tanque se esvazia rapidamente. No caso de PC, ele teve hemorragia interna aguda, mas o sangue não saiu pelo orifício da bala.
Outros detalhes encontrados pelo legista no corpo de PC. Na proximidade do orifício do corpo do empresário, por exemplo, foram localizadas micropartículas metálicas.
Como a área atingida estava coberta pelo pijama, havia dúvidas sobre a presença dessas micropartículas. Para esclarecer o caso, a equipe de Palhares fez um exame sofisticado e curioso.
Cobriu-se uma manta de toucinho de porco com um pedaço do pijama usado por PC. Usando-se a mesma arma e o mesmo tipo de bala do crime, foram feitos vários disparos contra o toucinho.
A distância dos disparos foi a mesma utilizada por Suzana para matar PC (1,2 metro). Verificou-se após o teste que, mesmo coberto com o pijama, havia micropartículas metálicas localizadas sobre o toucinho.
Segundo Palhares, foram encontrados 1,09 gramas de litro de álcool no organismo de PC. Isso significa que, ao morrer, ele tinha uma "embriaguês com ressalva". A presença de álcool em Suzana era menor -0,9 gramas por litro.

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