São Paulo, sábado, 10 de agosto de 1996
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PF indicia outro ex-dono do Nacional

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O ex-presidente do conselho de administração do Banco Nacional Eduardo de Magalhães Pinto foi indiciado ontem pela Polícia Federal sob acusação de crime de gestão temerária, previsto na lei 7.492 (Lei do Colarinho Branco).
A acusação é mais branda que a de gestão fraudulenta, pela qual foi indiciado anteontem o irmão de Eduardo, Marcos de Magalhães Pinto, que presidia o Nacional.
Gestão temerária significa que o dirigente foi imprudente e com isso assumiu o risco de produzir abalo no sistema financeiro.
O delegado Galileu Pinheiro entendeu que Eduardo, por ter um cargo mais distante do centro de gestão do Nacional, se enquadra melhor na gestão temerária.
Eduardo depôs ontem no inquérito da PF que apura suspeita de fraude em 652 contas, no valor de R$ 5,3 bilhões, usadas para maquiar os balanços do banco.
Segundo o advogado Sérgio Bermudes, que acompanhou o depoimento, Eduardo disse que o conselho de administração apenas aprovava as metas do banco.
Como Marcos, seu irmão Eduardo disse que só tomou conhecimento das contas suspeitas "por intermédio da imprensa".
Mal-estar
O depoimento de Marcos não convenceu o Ministério Público.
Ele não conseguiu responder a uma pergunta sobre o motivo de não ter rompido relações com Clarimundo Sant'Anna, ex-vice-presidente de controladoria, mesmo após acusá-lo de ocultar da presidência do banco durante quase dez anos a existência das 652 contas.
A tese dos Magalhães Pinto é de que eles só souberam dessas contas após o estouro do Nacional.
Já Clarimundo admitiu que sabia e operava as contas, ressalvando que fazia isso sob ordens de Arnoldo de Oliveira, que era vice-presidente de operações do banco.
Segundo a Folha apurou, ao ser perguntado sobre o motivo de não ter cortado relações com Clarimundo e de tê-lo contratado após o episódio como consultor da Cebepê (holding do grupo Nacional), Marcos ficou sem resposta e houve um mal-estar na sala da PF.
No final, orientado pelo advogado Evaristo de Moraes Filho, Marcos disse que manteve Clarimundo porque este havia dito que fez tudo pensando no interesse do banco.
Ontem, Bermudes disse que "a família entende que Clarimundo não a traiu, mas foi o executor de situações destinadas a manter o banco operando até que se encontrassem outras soluções".

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