São Paulo, sábado, 10 de agosto de 1996
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Suzana telefonou fora do quarto

DOS ENVIADOS ESPECIAIS

Ao telefonar para o dentista Fernando Colleoni, antes de matar PC Farias e em seguida se suicidar, Suzana Marcolino não estava no quarto em que houve o crime.
Estava no corredor da casa ou na suíte vizinha ao quarto em que morreu. A conclusão é de Ricardo Molina, do Departamento de Fonética Forense da Unicamp.
A fita com a gravação dos três telefonemas dados pro Suzana para Colleoni também apontam para outras conclusões.
Segundo Molina, é praticamente certo que apenas Suzana e PC estivessem na casa na hora dos telefonemas. É de um homem, ao que tudo indica o próprio PC, a voz que interrompe o primeiro telefonema de Suzana, às 3h54.
"O que cê tá fazendo?", pergunta a pessoa para Suzana. "Se arruma", afirma. "Me arrumo", responde Suzana. Para Molina, não dá para identificar o conteúdo de uma terceira frase dita pelo homem.
Outro detalhe apontado por Molina são os rangidos de madeira durante o telefonema, típicos de movimentação de uma pessoa pisando no assoalho. A casa de PC em Guaxuma, local do crime, tem paredes e assoalho de madeira.
Molina também verificou que havia barulho de vidro, que pode ser de copo ou cinzeiro, sobre uma superfície dura. O perito também concluiu que Suzana demonstrava sinais de que que estava chorando nos telefonemas.
Segundo Molina, esse é um dado importante para provar que Suzana só matou PC após os telefonemas. Para ele, se ela já tivesse matado seu namorado, seu estado emocional estaria alterado.
Molina disse que Suzana manteve os mesmos sinais de voz nos três telefonemas. Para ele, havia uma distância de pelo menos dois metros entre Suzana e a pessoa que a abordava, que pode ser PC.
Alma lavada
O deputado Augusto Farias (PSC-AL), irmão de PC Farias, disse ontem estar de "alma lavada" com o laudo do perito Fortunato Badan Palhares, que confirmou a versão de que PC foi morto por Suzana, que em seguida suicidou-se.
"E agora, quem paga a conta das injustiças cometidas nesse caso contra mim e nossa família? Como ficam aqueles que levantaram suspeitas de que eu tivera participação nas mortes?", perguntou ele.
Augusto Farias assistiu a toda a apresentação feita pelos peritos, no Tribunal de Contas do Estado.

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