São Paulo, sábado, 10 de agosto de 1996
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Malan e Kandir deixam colegas confusos

SÔNIA MOSSRI
VIVALDO DE SOUSA

SÔNIA MOSSRI; VIVALDO DE SOUSA; LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Planejamento promete investimentos; Fazenda diz que cortes no Orçamento não estão descartados

O ministro Pedro Malan (Fazenda) deu um banho de água fria nos colegas durante a parte fechada da reunião ministerial. Após o ministro Antonio Kandir (Planejamento) anunciar gastos com projetos prioritários, Malan disse que é preciso controlar as despesas para reduzir o déficit em 96 e 97.
Enquanto Kandir defendeu o desenvolvimento e prometeu gastos de R$ 79 bilhões, Malan disse que a situação fiscal ainda preocupa.
Malan deixou claro aos demais ministros que serão feitos novos cortes no Orçamento, se necessário. O controle sobre a liberação de recursos continuará sendo feito na boca do caixa pelo Tesouro.
A Folha apurou que o tom diferente adotado por Malan e Kandir confundiu seus colegas de governo. Os outros ministros deixaram a reunião sem saber como será a liberação de verbas em 97.
"Desafios simultâneos"
Kandir afirmou que não há discordância com Malan. Ele avalia que o acompanhamento de 42 projetos definidos como prioritários permitirá aproveitar melhor os recursos disponíveis.
"Temos dois desafios simultâneos, ou seja, consolidar a estabilidade e motivar o crescimento, respeitando o Orçamento e a meta de reduzir o déficit", disse.
A equipe de Malan também nega diferenças com o Planejamento, mas elas ficaram claras para os demais ministros na própria reunião.
O ministro Odacir Klein (Transportes) reclamou durante a reunião da falta de verbas para a recuperação de rodovias federais e do adiamento do pagamento de gastos com investimentos feitos em 96 para o próximo ano.
Surpresa
Kandir causou surpresa ao concordar com Klein. Malan disse que considera legítima a reivindicação por mais verbas, mas observou que isso depende da disponibilidade de caixa do Tesouro Nacional.
A redução do déficit público, incluindo Estados e municípios, é considerada um ponto fundamental para a consolidação do Plano Real, conforme a exposição de Malan na reunião ministerial.
Os recursos só serão liberados se houver dinheiro em caixa. Malan disse ainda que os investimentos privados (estrangeiros e nacionais) no Brasil estão acima da previsão feita pela equipe econômica. Mesmo assim, o governo não poderia descuidar da questão fiscal.
Para o ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos), os recursos externos estão vindo também por causa da estabilidade política. Por isso, ele pediu aos ministros que trabalhem para consolidar a base governista no Congresso.

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