São Paulo, sábado, 10 de agosto de 1996
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Empresários questionam viabilidade

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Mario Bernardini, vice-presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas), disse ontem que o plano de metas é mais um exercício de "wishful thinking" (pensamento positivo) do que realidade.
"É um balcão de projetos, pelo menos um para cada Estado, para que todo mundo aplauda a emenda da reeleição", afirmou.
Depois de enfatizar o ingrediente político do plano governamental, Bernardini disse que investimentos na infra-estrutura desatualizada do Brasil são bem-vindos.
Ele manifestou, porém, dúvida sobre a capacidade do governo de levantar os recursos para o financiamento dos projetos. "Se, para socorrer a saúde quebrada, o governo teve de inventar mais um imposto, como vai arranjar R$ 54 bilhões em apenas dois anos?"
Nahid Chicani, vice-presidente de Recursos Humanos e Relações Governamentais da General Electric do Brasil, disse que a iniciativa governamental é ambiciosa.
"Estamos prontos para fazer a nossa parte, mas essa não será a primeira vez que planos agressivos acabam não podendo se materializar por falta de recursos", disse.
Chicani disse que o país tem, sem dúvida, necessidade de investir em infra-estrutura. Considerou, no entanto, muito alto o custo total dos projetos para um governo que vai usar 70% da arrecadação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) para pagar dívidas.
Aplausos
Luiz Fernando Santos Reis, presidente do Sinicon (Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada), disse que o setor aplaude o plano de metas, mas tem dúvidas em relação à viabilidade financeira dos projetos.
"É um programa audacioso, que deixa uma grande dúvida de onde virão os recursos", afirmou.
Para Reis, os projetos anunciados têm grande significado social e econômico e podem tirar a construção pesada -há anos à míngua de obras- da situação atual.
Roberto Nicolau Jeha, coordenador do GPPI (Grupo Permanente de Política Industrial), da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), disse que o Plano de Metas é "excelente". "Vejo o anúncio com satisfação, mas reconheço que não é fácil e espero que o governo cumpra a promessa."
Paulo Godoy, presidente da Apeop (Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas), recebeu bem o anúncio: "Estava na hora de o governo investir para melhorar os serviços e ativar a economia". Para ele, a parceria com a iniciativa privada é um bom sinal.
Godoy acha o plano viável, mas vê um gargalo na falta de acesso da iniciativa privada a financiamentos de longo prazo.

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