São Paulo, sábado, 10 de agosto de 1996
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'Esquema Skank' impulsiona J Quest

PAULO VIEIRA
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

O esforço de promoção é no sentido de que o J Quest seja considerado algo como o "Jamiroquai de Minas Gerais". Se a associação parece geograficamente absurda, ressalte-se que está em curso um novo "esquema Skank" para levar o objetivo a cabo.
O quinteto J Quest é a aposta atual da trinca Sony Music-Fernando Furtado-Dudu Marote, respectivamente gravadora, empresário e produtor do Skank -banda que já vendeu 2 milhões de discos no Brasil.
Formado por cinco músicos -Marcio Buzillin (teclado), P.J. (baixo), Paulinho Fonseca (bateria), Marcos Túlio Lara (guitarra) e o vocalista Rogério Flausino-, o grupo tem no funk e na black músic sua principal fonte.
A faixa "As Dores do Mundo", de Hyldon -também redescoberto pelo Kid Abelha- já toca em rádios cariocas e tem clipe exibido na MTV. O primeiro disco pela Sony sai em setembro.
Na última quarta-feira, o J Quest -nome que surgiu aleatoriamente porque se precisava de um- tocou no Escape, danceteria de Belo Horizonte.
Os músicos subiram ao palco com perucas black-power descomunais, à maneira das bandas de funk dos anos 70. O vocalista Rogério, no espírito, usava camisa social com gola pontuda. Mostraram versões pesadas para um repertório próprio e covers do Chic, do próprio Hyldon, Roberto Carlos e Tim Maia.
O alto volume do som e o voluntarismo excessivo dos músicos atrapalhou. Com auxílio de um trompete, um saxofone e um trombone, a banda mostrou, no entanto, que tem como chegar às 100 mil cópias -número de vendagem com que trabalha o grupo.
"As Dores do Mundo" tem vocação para hit, com seu refrão fácil e astral lá em cima. "Acho que há mais duas ou três músicas que poderiam ter saído como o primeiro single", diz Dudu Marote.
"A imprensa brasileira sempre deu força para o underground, quando se tratava de punk e rock. Espero que isso aconteça agora com a black music", disse o tecladista Marcio Buzillin.
Embora formado por músicos brancos, o grupo convence tocando black music. O vocalista faz macaquices pertinentes imitando James Brown em "I Feel Good" e os falsetes de Prince em "Kiss".
Um aval já lhes foi dado por Tony Tornado, referência obrigatória do funk brasileiro. "Ele não gravava há 22 anos e aceitou o convite de dividir uma faixa com aqueles cinco branquelos", diz Marote. O produtor os ajudou a se voltarem mais para a música brasileira dos 70. "Eles eram ligados demais no Brand New Heavies."

O jornalista Paulo Vieira viajou a Belo Horizonte a convite da Sony Music.

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