São Paulo, sábado, 10 de agosto de 1996
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Russos e tchetchenos começam a negociar trégua

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os soldados russos e os rebeldes tchetchenos começaram a negociar ontem uma trégua para retirar civis de Grozni após quatro dias de combates na capital tchetchena, que deixaram centenas de mortos.
Os combates continuaram ontem, com a tomada pelos rebeldes do prédio principal do governo pró-russo da Tchetchênia.
Mas, ao anoitecer, parte dos tchetchenos seguia em retirada temendo uma forte ofensiva russa.
Confrontado com essas informações, o comando tchetcheno rejeitou a tese de que esteja se retirando por completo da cidade.
Helicópteros e aviões russos continuaram os ataques aéreos, e os combates de rua entre russos e separatistas também seguiram.
Serguei Sliptchenko, secretário da comissão estatal de Moscou na Tchetchênia, disse às agências de notícias russas que os dois lados tinham discutido suspender o fogo para retirar todos os civis e os feridos da cidade.
Pelo menos 20 jornalistas continuavam ontem presos em um hotel no centro de Grozni junto com civis feridos.
Cerca de 7.000 soldados russos estão sem poder se locomover dentro de Grozni, a maioria na região dos prédios do governo.
O porta-voz dos rebeldes, Movladi Udugov, disse ao russo Sliptchenko que o seu lado estava disposto a parar com os ataques por algum tempo.
Luto
O presidente Boris Ieltsin disse, pouco depois de tomar posse para seu segundo mandato, que a Rússia vai combater os ataques dos tchetchenos, mas que as negociações de paz são o único meio de resolver o conflito.
Ele acusou o governo pró-russo da Tchetchênia de "grandes erros de cálculo" na avaliação da situação da Tchetchênia e da força dos separatistas. Ieltsin decretou hoje dia de luto oficial pelos combates dos últimos dias.
O presidente afirmou que o premiê Viktor Tchernomirdin preside amanhã um encontro da comissão estatal para a Tchetchênia.
Declaração do governo russo também prometia aos civis presos pelos combates acabar com as mortes. "Bandidos armados até os dentes estão roubando e matando cidadãos pacíficos, continuando o genocídio contra o nosso povo", dizia o texto.
Os rebeldes, armados com metralhadoras, bazucas e morteiros começaram a invasão de Grozni na última terça-feira em um ataque considerado humilhante para o Exército russo.
A ofensiva foi preparada para coincidir com a posse do presidente Boris Ieltsin em Moscou.
Mercenários
A agência "Interfax" disse que foram encontradas as cabeças de dez mercenários, os "kontraktniki". Por US$ 1.000 (sete vezes o salário médio russo), eles combatem os separatistas tchetchenos.
Os rebeldes acusaram soldados russos de matar 18 civis a facadas em uma região afastada do foco principal de combates.

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