São Paulo, domingo, 11 de agosto de 1996
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Candidato faz 'linha dura' com filho

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Caso resolvessem administrar São Paulo como cuidam dos seus filhos, os pais-candidatos seriam "linha dura" com os funcionários da cidade.
Dois dos principais candidatos à prefeitura, Celso Pitta (PPB) e Francisco Rossi (PDT), são "pais à moda antiga", na definição dos seus próprios filhos.
Os "prefeituráveis" têm filhos na faixa de 18 a 27 anos e quase todos morando ainda com os pais -a exceção é Ana Paula Rossi, a única casada.
Tanto Rossi quanto Pitta controlam de perto os estudos dos filhos -com direito a alguns "sermões"-, não admitem namorados dormindo em casa e distribuiriam castigos caso flagrassem uma "festa de embalo" (veja quadro abaixo).
Até recentemente, a estudante Roberta Pitta, 23, conta que não podia viajar com o namorado. "Agora pode, mas só para lugares onde a gente tem parentes", diz.
Maconha e religião
À semelhança dos pais, a prole de Rossi e Pitta faz a linha bem comportada, longe do trio "sexo, drogas e rock'n'roll".
Todos dizem que nunca fumaram "nem um baseado por curiosidade". "Drogas, tô fora", afirma Francisco Rossi Junior, 23, filho do candidato do PDT e evangélico, como o pai.
Ele e a irmã Ana Lúcia, 18, trocam qualquer rock por um disco de música "gospel". O livro de cabeceira da dupla é a Bíblia.
Ana Paula, 27, é católica, gosta de filmes românticos e lê livros evangélicos, mesmo não tendo se convertido à religião do pai.
Ela conta que, no seu tempo de solteira, enfrentou uma linha mais dura em casa. "Os costumes eram outros. Minha irmã sofre menos controle", diz.
Programa leve
Os filhos de Pitta são católicos, como os pais, mas não frequentam a igreja com assiduidade.
Gostam de MPB e programas "leves" como sair para jantar com os amigos ou namorado (a), "sem muita badalação".
Roberta e Victor, 22, declaram amor por São Paulo, mas sempre que podem vão passear no Rio, onde nasceram e têm parentes.
Estudante de direito, Roberta gosta dos filmes de tribunais e de suspense. Cita dois exemplos: "Assassinato em 1º grau" e "O silêncio dos Inocentes".
O filho de Pitta prefere filmes de aventura, tipo "grandes produções", e as suas leituras são mais voltadas ao ramo que deseja seguir: o marketing. Ele vai fazer vestibular no próximo ano.
Os filhos dos candidatos nunca participaram de atividades no movimento estudantil. Nunca demonstraram interesse por política, mas mergulharam agora nas campanhas dos pais.
Todos trabalham nos comitês. Na família Rossi, Ana Paula administra a rádio do pai (Difusora de Osasco), Ana Lúcia é secretária e Júnior escreve textos para a imprensa.
Na campanha do PPB, Roberta e Victor organizam festas e eventos para mobilizar os jovens.
"Estou até me divertindo com esse primeiro contato com a política", diz Victor.
Com a corrida eleitoral, a vida deles mudou tanto que hoje correm o risco de comemorar o Dia dos Pais em alguma carreata. "O almoço de domingo pode ser trocado por um sanduíche na rua", diz Roberta.
Até quinta-feira, nenhum deles tinha comprado presente.
Serra e Erundina
Os filhos do candidato do PSDB, José Serra, foram procurados pela Folha, mas se recusaram a dar depoimentos. Luiza Erundina, do PT, não tem filhos.

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