São Paulo, domingo, 11 de agosto de 1996
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Paulistano vira 'fiscal' de placa de carro

NOELLY RUSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Observar sobe e desce de avião é atividade ultrapassada no inverno paulistano. O mais novo "programa de paulista" é vigiar placas de carro.
Desde que o rodízio obrigatório de carros começou, na segunda-feira passada, os moradores da cidade se dedicam ao passatempo de "bisbilhotar" se o vizinho mais próximo ou o carro ao lado cumprem a tabela.
"É um pouco de curiosidade e de raiva. Nunca parei ninguém para reclamar, mas se vejo um infrator, acho que está sacaneando", diz a estudante Fernanda D'ávila, 18, que faz rádio e TV na Faap.
Sua amiga Sabrina May Yamamoto, 18, também estudante da Faap, é outra adepta do "car spoting" (espiando os carros).
"Não sei se o rodízio funciona, mas estou de acordo com a medida e me acostumei a dar uma olhada no trânsito para ver quem cumpre e quem não cumpre."
Pela observação das duas, a maioria dos paulistanos respeita o rodízio. "Vimos poucos carros descumprindo", dizem elas.
"Desde que o rodízio começou os clientes do restaurante começaram a aparecer de táxi ou de carona com um colega", diz o manobrista João Freire Ximendes, 34, manobrista do restaurante Nabuco (zona oeste de São Paulo).
"Acho que não adianta reclamar com quem não cumpre. É uma coisa que cada um tem de decidir fazer sozinho", disse.
Olhar sem interferir também é a opção da dona-de-casa Sandra Battar, 26. "A vida fica mais difícil sem o carro, mas sou favorável ao rodízio. No primeiro dia, comecei a olhar as placas por curiosidade."
Nem todos são observadores passivos. O engenheiro Mauro Ferreira diz que na última quinta-feira chegou a interpelar um motorista que dirigia um carro com a chapa terminando em 8.

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