São Paulo, domingo, 11 de agosto de 1996
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Empresários falidos retomam a profissão

Falências requeridas crescem 189% em 12 meses

CARLA ARANHA SCHTRUK
DA REPORTAGEM LOCAL

Ficar distante do mercado de trabalho para gerir o negócio próprio passou de sonho a pesadelo para muitos executivos que não vingaram como microempresários.
Eles engrossam estatísticas, concluídas em julho, onde há um aumento assustador no número de falências requeridas e decretadas.
Dados da Associação Comercial de São Paulo mostram 10.159 falências requeridas em 95, contra 4.250 em 94 -aumento de 139%.
E foram decretadas 1.721 falências entre o segundo semestre de 95 e o primeiro deste ano, contra 567 no período anterior correspondente -crescimento de 103%.
"A maioria absoluta, 80%, é de micro e pequenas empresas, isto é, aquelas que provavelmente foram montadas por um ou dois profissionais", afirma Marcel Domingos, 59, economista da associação.
Marketing de guerra
Para quem está na fila dos falidos, a solução é apelar para um marketing de guerra e se lançar com todas as armas para conseguir de volta um lugar no mercado.
"O ex-empresário tem de se ver como um desempregado e se apresentar não como um fracassado, mas como alguém que simplesmente está mudando de ramo", diz o consultor de recursos humanos Simon Franco, 56.
O processo de recolocação pode ser facilitado. A regra número um é se atualizar sobre as novas exigências das empresas -e se adequar rapidamente a todas elas.
Entram aí desde cursos -idioma, informática, reciclagem etc.- até a elaboração caprichada do currículo (veja quadro).
Para o consultor Laerte Cordeiro, 63, também é conveniente saber se o cargo anteriormente exercido pelo ex-empresário ainda existe com o mesmo nome.
Valorização
Vale ainda uma outra dica: "A experiência como empresário não deve ser escondida durante um processo de seleção -é mais um item da carreira", diz Franco.
Há, inclusive, empresas que estão valorizando o profissional que já teve algum negócio próprio.
Na empresa Foodcorp (setor de alimentação), por exemplo, "tem muito mais chances" de ser contratado o executivo que não progrediu como empresário.
"Colocamos até anúncio em jornal pedindo uma pessoa com essa característica. Para nós, é importante contarmos com executivos com espírito de empreendedor", afirma Roberto Carlos de Campos Moraes, 29, diretor.
Segundo ele, não se deve tachar de "fracassado" o empresário que fechou as portas da sua empresa -seja ela micro ou pequena. "São vários os motivos que podem levar ao fracasso nessa área."

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