São Paulo, domingo, 11 de agosto de 1996
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Segurança só é eficaz com treinamento

OSCAR RÕCKER NETTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O vilão por trás de um assalto a condomínio pode não ser apenas o ladrão. Morador que não respeita regras e funcionários despreparados podem virar a "chave mestra" que abre as portas de um edifício para um assalto bem-sucedido.
Nesse sentido, um prédio seguro é aquele que une um sistema adequado de segurança, funcionários bem treinados e moradores cientes de suas responsabilidades para com a segurança do prédio.
"O sistema de segurança mais sofisticado não resiste a um porteiro mal preparado", afirma Roberto Capuano, 52, presidente do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis), que já foi vítima de três assaltos.
Pelo lado dos condôminos, a Lei dos Condomínios obriga todo edifício a ter convenção e regulamento de segurança, que devem ser normatizados em assembléia.
"Basta um morador não respeitar para o prédio todo ter problemas", diz Miriam Miranda, 53, diretora de cursos e eventos da Aabic-SP (associação das administradoras de condomínios).
Brechas
Pelo regulamento, o morador deve descer à portaria para buscar entregas -como uma pizza. Caso um condômino force a barra para que o porteiro deixe o entregador subir, o prédio vira "alvo de gala" para os assaltantes de plantão.
Geralmente, um assaltante de condomínios estuda bem a rotina do prédio. Sabe das falhas e horários dos funcionários e moradores.
Se o entregador de pizza, por exemplo, entra em um prédio, nada mais fácil do que "substituí-lo" e assaltar o apartamento.
O ciclo do problema se resume no seguinte: morador desleixado com as normas, funcionário despreparado ou com medo de levar bronca e ladrão esperando a deixa.
Avanço
O mercado, por sua vez, reage positivamente ao problema.
Por um lado, o número de registro de furtos e roubos a apartamentos diminuíram na cidade de São Paulo, segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública.
Por outro -e um dos geradores desse decréscimo-, aumentou a procura por empresas de segurança e fornecedoras de serviços.
Um terceiro sintoma: as construtoras estão projetando o sistema de segurança já na planta. Esse planejamento envolve o trabalho do construtor, do arquiteto e de um consultor de segurança.
"O projeto que não contempla a segurança já na planta fica capenga", diz Gerson Bendilati, 38, diretor da construtora Inpar.
"Em todos os projetos, hoje, esse item é superestudado", afirma o arquiteto Roberto Candusso, 53, que trabalha para várias construtoras de São Paulo.

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