São Paulo, domingo, 11 de agosto de 1996
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Ápice do 'NYT' foi antes da invenção da TV

PATRICIA DECIA
DE NOVA YORK

Não foi nenhuma notícia exclusiva, mas sim a regularidade na publicação de reportagens tratadas de maneira ética e confiável, e a fidelidade ao princípio de desvincular notícia e opinião que formaram o prestígio do jornal "The New York Times". Esta é a opinião do professor Wayne Svoboda, 43, titular de história do jornalismo na Universidade Columbia.
"Essa divisão entre a opinião do jornal e a notícia, apesar de algumas exceções, é bastante bem-sucedida até hoje. Mas seria injusto afirmar que ela foi criada pelo 'Times"', afirma.
Segundo Svoboda, outros jornais norte-americanos do final do século 19 já adotavam essa mesma conduta. O "The New York Times", no entanto, foi o primeiro a seguir essa linha na cidade de Nova York, onde o mercado na época era dominado pela imprensa sensacionalista.
Ditar regra
"Foi um passo importante porque o 'Times' introduziu esses conceitos em Nova York, que, na minha opinião é a capital da mídia, e praticamente ditou uma regra do bom jornalismo", diz.
Na opinião do professor, a influência do jornal teve seu ápice antes da invenção da televisão, que obrigou a imprensa escrita a se adaptar a uma nova realidade e a novas necessidades.
"Mesmo assim, dentro dos Estados Unidos, acredito que a influência do 'Times' é muito maior do que a da rede de televisão CNN, que é sediada em Atlanta (Geórgia). A CNN tem poder muito maior quando se fala em escala mundial", afirma.
Independência
Para Svoboda, mesmo as críticas à cobertura do Holocausto, durante a Segunda Guerra Mundial, não mostram um amolecimento do jornal em relação à sua independência do governo.
"Um jornal pode seguir dois caminhos: procurar a notícia por si mesmo ou seguir as informações que vêm de Washington. No caso do Holocausto, a administração Roosevelt tinha o cuidado de não colocar muito claramente o desenvolvimento do problema e o jornal acabou por não dar o destaque devido", diz o professor.
(PD)

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