São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 1996
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Crise pode fechar hospitais universitários

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os 144 hospitais universitários e de ensino do país podem deixar de funcionar até o fim do ano por falta de funcionários e de recursos para manter os equipamentos.
Em carta enviada ao presidente Fernando Henrique Cardoso, em abril, a Abrahue (Associação Brasileira de Hospitais Universitários e de Ensino) alertava que a maioria dos hospitais estava com déficit nas contas desde o fim de 95 e que corria o risco de ter de fechar setores ou até o hospital por inteiro.
A única exceção é o HC (Hospital das Clínicas) de Porto Alegre (RS), que funciona como entidade pública de direito privado.
Segundo a Folha apurou, os hospitais que estão em situação mais crítica são os do Ceará, Alagoas, Brasília e Niterói (RJ).
No HUB (Hospital Universitário de Brasília), há 814 funcionários para atender 27 mil pacientes por mês. O número de servidores necessários para que o HUB funcione normalmente é de 2.200.
Os principais motivos da crise nos hospitais universitários são o atraso no pagamento por parte do governo e o baixo valor da tabela do SUS (Sistema Único de Saúde).
Hoje, os hospitais sobrevivem, praticamente, só com os recursos do SUS, já que a verba repassada pelo MEC (Ministério da Educação e do Desporto) é insuficiente.
Por lei, o MEC é responsável pela manutenção dos hospitais universitários, inclusive investimentos e contratação de pessoal.
Segundo a Abrahue, o valor pago pela consulta está com defasagem de 213,72%. O custo médio de uma consulta é de R$ 8, e o valor pago é de R$ 2,04. A defasagem total da tabela do SUS é de 97,95%.
A solução encontrada para driblar a falta de pessoal foi usar verbas de custeio para contratar funcionários terceirizados.
Segundo levantamento da Fasubra (Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras), um funcionário terceirizado custa aos hospitais três vezes mais do que um contratado.
Ao usar as verbas de custeio para pessoal, os hospitais ficam impossibilitados de arcar com a manutenção e compra de equipamentos.
A Fasubra preparou um dossiê relatando a situação dos hospitais universitários, que será entregue hoje às comissões de Educação e de Seguridade Social da Câmara.
Os deputados Pedro Wilson (PT-GO) e Humberto Costa (PT-PE) deverão solicitar audiência pública para discutir a situação dos hospitais na próxima semana.
Deverá ser formada uma comissão especial para visitar os hospitais em situação mais grave.

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