São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 1996
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A lição de Atlanta

CIDA SANTOS

A Olimpíada de Atlanta mostrou o poder dos europeus no vôlei masculino. Os quatro primeiros colocados -Holanda, Itália, Iugoslávia e Rússia- são do Velho Continente. Mais do que isso: os principais atletas dessas quatro seleções atuam no Campeonato Italiano, o que não é mera coincidência.
Não à toa, logo depois da conquista do ouro olímpico, o técnico holandês, Joop Alberda, disse que devia parte do sucesso do seu time em Atlanta à evolução dos seus atletas que jogam no Campeonato Italiano. Um lembrete: os seis titulares holandeses atuam na Itália. O mesmo acontece com o principais jogadores da Iugoslávia, dona da medalha de bronze e a surpresa da Olimpíada.
Vale lembrar que os anos dourados do vôlei brasileiro foram na época em que quatro titulares da seleção -Tande, Giovane, Marcelo Negrão e Carlão- defendiam clubes italianos.
Nesse período, conviviam diariamente com os grandes jogadores do vôlei mundial. Jogando contra ou atuando no mesmo clube, aprendiam a conhecê-los melhor, a decifrar suas falhas e a afastar os fantasmas.
Depois do projeto de repatriamento, lançado em 94 pelo então presidente da CBV, Carlos Arthur Nuzman, o Brasil nunca mais subiu ao degrau mais alto do pódio.
Por esse projeto, os jogadores da seleção foram obrigados a deixar seus clubes na Itália e a voltar para o país com salários pagos pelo Banco do Brasil. Muitos voltaram a contragosto: Negrão, por exemplo, tinha sido campeão pelo Treviso jogando com o holandês Zwerver e com os italianos Bernardi e Gardini.
Atlanta deixou uma lição: quem se isolou, não subiu ao pódio. Foi o exemplo de Brasil, EUA e Cuba, que confinaram seus jogadores em seus próprios territórios. Os cubanos, por problemas de verbas para o treinamento da seleção, jogaram no Campeonato Grego, mas esse não conta, é muito fraco.

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