São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 1996
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A dança das siglas é marca da política

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

É cada vez mais difícil aplicar os rótulos "esquerda" e "direita" para definir um parlamentar ou mesmo um partido. As diferenças entre um conceito e outro foram diminuindo com o tempo e surgiram inúmeros meios-tons na escala de cores da política.
Esses rótulos surgiram na Assembléia francesa por causa da posição relativa das bancadas no plenário. Os socialistas sentavam-se do centro para a esquerda, e seus opositores, do outro lado do corredor, à direita.
Os que não queriam ser identificados com nenhuma das duas posições sentavam-se ao centro -segundo o "Dicionário Parlamentar e Político", de Said Farhat.
No Brasil, essa última designação sempre foi a mais popular entre os congressistas, apesar de ter sido usada de modo diverso -para definir quem apóia o governo.
Na época da Arena, ela tinha maioria no Congresso. Quando começou a ser ameaçada pela oposição emedebista, o pluripartidarismo voltou, e os oposicionistas se dispersaram por várias siglas: PMDB, PT, PDT etc.
Os governistas seguiram unidos no PDS. Até que, às vésperas da eleição do presidente da República no Colégio Eleitoral, a facção derrotada nas prévias do partido fundou o PFL e uniu-se à oposição para eleger Tancredo Neves.
Com a morte de Tancredo e a ascensão de José Sarney, os pefelistas voltaram a ser governo. Continuaram na situação durante o governo Collor e estão no centro até hoje.
Ainda no governo Sarney, entretanto, a política de aliança com o PFL e a disputa interna no partido começaram a provocar fissuras no PMDB. O resultado foi o abandono de uma ala que deixou a sigla para fundar o PSDB.
Os tucanos permaneceram na oposição até o governo Itamar Franco -tendo inclusive apoiado o PT no segundo turno da eleição em que Lula foi derrotado por Collor, em 1989.
Representando a situação, em 1994, o PSDB aliou-se ao PFL -antigo adversário nos governos Collor e Sarney- para disputar a eleição presidencial.
Graças ao sucesso do Plano Real, o tucano Fernando Henrique Cardoso elegeu-se presidente, derrotando o petista Lula, antigo aliado na campanha de 89.
(JRT)

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