São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 1996
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Cruz e Sousa retorna com inéditos

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

O poeta catarinense Cruz e Sousa estará presente na próxima Bienal Internacional com "Poemas Inéditos", um lançamento da editora Papa Livros.
O volume é o resultado das pesquisas do jornalista e escritor carioca Uelinton Farias Alves, um estudioso da obra do poeta simbolista brasileiro: "Os poemas inéditos mostram que a crítica, que sempre imaginou os primeiros escritos de Cruz e Sousa como um momento menor, estava errada".
Os poemas ficaram durante anos sob a guarda do poeta Araújo Figueiredo (1863-1924), um dos melhores amigos de Cruz e Sousa. Passaram décadas esquecidos pela família de Figueiredo, até o momento em que quase foram para o lixo.
"Os poemas foram salvos pela curiosidade de um bisneto, que antes que tudo fosse jogado fora decidiu verificar o que continham as caixas de papelão", diz Uelinton Farias.
Estrela e inseto
O Cruz e Sousa que o leitor encontrará em "Poemas Inéditos" é um jovem na casa dos 20 anos, experimentando com a linguagem simbolista.
"Tu és a estrela e eu sou o inseto triste/Vives no Azul, em cima das esferas/No centro das risonhas primaveras/onde por certo o amor eterno existe", escreve no poema "Aspiração".
Outro poema de orientação amorosa é "À Que Está Morta", uma espécie de homenagem a uma amante -ficcional ou não- desaparecida: "Cedo gelaste, ó carne dos meus beijos,/Por entre a podridão da terra escura.../Oh! não nascer a flor dos meus desejos/Da tua boca saborosa e pura".
Um poema datado de 17 de janeiro de 1883 traz uma curiosa homenagem. Em seu início Cruz e Sousa dedica os versos "à grandiosa atrizinha brasileira Julieta dos Santos, homenagem no dia do seu benefício".
"E disse-te: ao tablado...eleva-te, arrebata/A alma de granito suplanta-a, dilata.../Reergue-te na luz, exalta-te, deslumbra.../E mostra as mil falanges de bravos, hordiernas/As tuas criações quais mágicas lanternas/Deixando todo o orbe envolto na penumbra".
Mas, além dos poemas encontrados, Uelinton Farias diz ter achado também textos em prosa do poeta. Sua intenção é editar, proximamente, mais uma série de trabalhos inéditos do poeta Cruz e Sousa.
(MR)

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