São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 1996
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PLANOS

O "Brasil em Ação", conjunto de projetos que o governo vê como novo "plano de metas", parece ter nascido sob o signo do ceticismo.
Uns alegam que o projeto não é original, sendo uma roupagem nova para o Plano Plurianual de Investimentos anunciado há um ano. Outros vêem aí puro jogo de cena eleitoral.
Entretanto, as duas críticas são contraditórias. Afinal, se tudo não passar de retórica, não haverá resultados eleitorais. E se valer a tese de que o governo quer se mostrar "tocador de obras", estará errado quem acusa FHC de imobilismo.
O governo têm sido bastante ágil na execução de planos. Ainda ministro, FHC anunciou no final de 93 o Plano de Ação Imediata, recebido com ceticismo generalizado. Entretanto, meses depois, outro plano vinha à luz, Real. O "timing" político foi exato.
Vale ressaltar que o ambiente, hoje e nos próximos meses, é e deverá continuar sendo de ceticismo, sacrifício de empregos e asfixia para muitos setores empresariais.
Do ponto de vista econômico, vive-se hoje uma situação de "colocar os bodes na sala" e "tirar os esqueletos do armário". Já no final do ano, entretanto, o cenário pode mudar.
Em alguns meses, o governo espera ter as finanças mais arrumadas, em especial no Banco do Brasil e nos bancos estaduais. Aposta na privatização, sobretudo da Vale do Rio Doce, em telecomunicações e energia.
Outro "bode" são as tarifas públicas, maior pressão inflacionária dos últimos meses. Feito o ajuste real das tarifas, o governo talvez imagine privatizar estatais ou mesmo, ainda que com moderação, realizar gastos agora contidos. E a inflação, sem reajustes reais de tarifas em 97 e 98, poderá recuar mais, com queda dos juros, redução da crise de crédito e maior nível de atividade econômica.
Em suma, é possível ou, pelo menos, plausível imaginar que o governo federal tenha de fato como implementar uma estratégia para produzir maior crescimento econômico.
Mas não é uma certeza, nem econômica, nem política. Afinal, como dizia Garrincha, é preciso saber se está tudo combinado com os adversários.

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