São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 1996
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A CPI DOS BANCOS

A obstrução à CPI dos Bancos incentivada pelo governo tem um caráter ambíguo. De um lado, a conotação política de uma CPI neste momento pré-eleitoral não pode ser ignorada. De outro, a transparência na questão da ajuda aos bancos é um imperativo, e uma CPI poderia ser o foro adequado para mostrar à sociedade o que de fato está ocorrendo.
Em que pese a sua utilidade na resolução de grandes problemas nacionais, Comissões Parlamentares de Inquérito são invariavelmente um palco cheio de holofotes acesos para políticos (normalmente de oposição) que desejam aparecer.
Num momento em que se aproximam eleições nas quais o governo tem algumas importantes candidaturas, o risco de os holofotes serem usados apenas com propósitos políticos e não como forma de fazer uma investigação séria fica ainda maior.
Nada disso, porém, isenta o governo de agir com muito mais transparência do que vem fazendo na questão do auxílio aos bancos em dificuldades. Gastou-se uma soma fabulosa em nome da preservação do sistema financeiro, o que é, obviamente justificável. Se a instituição bancária rui, é o próprio país que rui.
Existem, contudo, ainda muitas perguntas que estão sem explicação, muitos números que não convencem e nenhuma punição.
Uma CPI neste momento poderia de fato se tornar um simples palanque político sem nenhum compromisso com a apuração dos fatos, mas, está mais do que claro, há muitas respostas que ainda devem ser dadas com clareza à sociedade.
Num país com tantas carências sociais como o Brasil, os bilionários gastos do Proer têm de ser explicados. E muito bem.

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