São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 1996
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Nestlé premia escritores 'consagrados' e 'inéditos'

MARCELO RUBENS PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A partir deste ano, a Fundação Nestlé de Cultura irá premiar os melhores autores dos gêneros romance, conto e poesia, na categoria "inéditos" e "consagrados".
Desde 1981, a fundação investe em novos talentos, premiando autores inéditos. Sob ares da abertura política, o prêmio visava o aquecimento do mercado editorial, algemado pelas censura política e perseguição à escritores e editores.
"A fundação dedicava em torno de um milhão de dólares na descoberta de novos escritores, patrocinando a edição de seus livros. Com o sentimento de missão cumprida, decidiu mudar o formato do prêmio", anuncia o editor Marcus Gasparian, 35, autor da idéia.
Um júri de três especialistas irá escolher 18 livros: seis romances, seis livros de contos e seis livros de poesias. Dos seis livros de cada gênero, três deverão ser inéditos. Um "colégio eleitoral" escolherá os vencedores.
Na categoria "consagrados", o prêmio é de R$ 50 mil - define-se "consagrado" o autor que já tiver pelo menos um livro publicado. Na categoria inéditos, o prêmio será de R$ 30 mil.
A novidade é a premiação de editores. Aquele que revelar um premiado ganhará R$ 10 mil.
O anúncio do novo formato será feito nesta sexta-feira, na Bienal do livro. A reportagem da Folha conversou com Marcus Gasparian.
*
Folha - Por que a fundação decidiu mudar o prêmio?
Marcus Gasparian - O prêmio servia para aquecer o mercado, já que vivíamos o fim do movimento militar. No início, premiavam apenas os inéditos. Depois, premiavam e publicavam. Mas, nos últimos anos, as editoras têm revelado novos talentos, como Patrícia Mello, José Torero. A fundação resolveu deixar o mercado com esta missão. As editoras têm obrigação de descobrir novos escritores.
Folha - Por que premiar editores?
Gasparian - Para dar um crédito à categoria que joga no mercado os escritores desconhecidos. Esperamos que o prêmio não fique com o dono da editora, mas com o profissional que leu os originais e apostou na publicação.
Folha - Como funcionará o processo de escolha?
Gasparian - Um júri de notáveis indica três livros de cada categoria. O colégio eleitoral, composto por vinte livrarias, vinte bibliotecas e vinte departamentos de Letras das universidades, escolhe o melhor.
Folha - Não se corre o risco de haver manipulação?
Gasparian - Vamos promover a votação direta do melhor livro. Daremos preferência a livrarias independentes, evitando votos por interesse próprio. Chefes dos departamento de Letras escolhem como será a votação, se entre alunos, professores ou ambos.
Folha - Não parece um processo muito burocrático?
Gasparian - A fundação quer ampliar a participação. Haverá um kit completo para cada membro do colégio eleitoral. Nós, livreiros, sabemos o livro que repercute entre os clientes.

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