São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 1996
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Só se fala em Serra

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Apesar do reles quarto lugar consolidado na disputa pela Prefeitura de São Paulo, o tucano José Serra continua a dominar as atenções em Brasília.
O alto tucanato está lançando sinais contraditórios sobre a estratégia da campanha em São Paulo. Há diversionismo para todos os gostos.
A seguir, um resumo das idéias que parecem representar a maior parcela dos tucanos interessados na candidatura Serra:
1) FHC e Serra - o presidente deseja a vitória de Serra. Os dois continuam a conversar com frequência. É inverídica a versão de que o Planalto não estaria nem aí;
2) Derrota - apesar de estar torcendo, FHC já sabe o que fazer no caso de derrota. O discurso será no sentido de minimizar o impacto de um eventual insucesso tucano em São Paulo. Para resumir: se Serra ganhar, ganham FHC e todos no governo; se Serra perder, perde sozinho;
3) Conjuntura atual - ao contrário do início da campanha, os tucanos hoje dão sinais de que não confiam numa reação de Serra. A principal demonstração é que muitos já adotaram o discurso padrão para essas ocasiões. A frase síntese é "uma derrota não será o fim do mundo";
4) Campanha - Sérgio Motta e Mário Covas são os mais radicais. Querem bater em Paulo Maluf. Serra foi contra, no início. Acabou cedendo. A propaganda de TV será gradativamente mais belicosa;
5) Fato novo - ninguém acredita que apenas mais agressividade na TV seja suficiente para Serra sair do atoleiro. Falam em algum fato político. Não se sabe o que poderia ser;
6) Irmão contra irmão - o nível de tensão foi tamanho na semana passada que os amigos inseparáveis Serra e Sérgio Motta protagonizaram uma altercação. Discutia-se a melhor forma de encaminhar a campanha.
Testemunhas entenderam que Serra chegou, na hora do nervosismo, a dispensar ajuda de Motta.
No final, fizeram as pazes. Mas o clima continua péssimo.

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