São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 1996
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Dornbusch prevê 'dor' para Brasil

DE BUENOS AIRES

"O Brasil avançava pelo trilho equivocado", afirmou, ontem, na Argentina, o economista Rudiger Dornbusch, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
Dornbusch, que provocou polêmica há cerca de dois meses ao afirmar que o Brasil deveria promover o crescimento econômico mesmo com o risco de aumentar a inflação, previu "dores de cabeça" para os brasileiros nos próximos dois anos.
Justificando as previsões feitas anteriormente, o economista afirmou que "o problema existe e o vemos no uso que (o Brasil) faz dos subsídios a exportações e controles a importações, na queda do crescimento do setor industrial e de bens".
Segundo Dornbusch, o presidente Fernando Henrique Cardoso tende a "tapar" os problemas porque "quer um segundo mandato". E completou: "Isso significa que estará piorando algo que deveria ter sido abordado nos últimos dois anos."
O economista disse ainda que a Argentina será a maior prejudicada com uma eventual crise no Brasil.
Dornbusch elogiou o pacote do ministro da Economia da Argentina, Roque Fernández.
"Há uma grande coerência nas medidas. O sistema fiscal argentino tem muitíssimos buracos e as medidas são acertadas porque proporcionam eficiência e equidade para baixar os impostos sobre o emprego", disse Dornbusch, em entrevista ao jornal "Clarín".
O economista, um dos maiores defensores do ex-ministro Domingo Cavallo, disse que o presidente Carlos Menem passou a ser o único responsável pela manutenção da estabilidade.
"Ou o presidente apóia o ministro Fernández e defende seu pacote ou enfrentará uma catástrofe."
Dornbusch criticou a atitude de Menem de anular medidas do pacote econômico depois do anúncio oficial feito por Fernández.
"Foi um erro terrível. O presidente deveria ter comparecido à entrevista coletiva para dizer: este é o meu programa e não o de Fernández, e vou ao Congresso para apoiá-lo", disse.

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