São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 1996
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Comércio cobra juro de até 526% ao ano

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Mesmo com inflação média de 1% ao mês -projetando de 13% a 15% neste ano- e as aplicações financeiras rendendo 1,5% líquido ou menos, como a caderneta de poupança, o comércio ainda pratica taxas de juros de até 16,51% ao mês, ou 525,69% ao ano.
A constatação é de pesquisa da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), feita em julho passado com base em anúncios nos principais jornais de São Paulo, Rio e Porto Alegre.
Os juros de 16,51% ao mês foram localizados em anúncios de lojas que financiam artigos de ginástica. As menores taxas são da revenda de veículos -um bem que dá maior garantia ao credor-, com 4,58% ao mês ou 71,15% ao ano.
Entre 12 setores pesquisados, o juro médio em julho foi de 9,93% ao mês ou 211,45% ao ano, contra 10,30% e 224,27% em junho.
As grandes redes de comércio -como Mappin, Arapuã, G. Aronson, Ponto Frio, Pernambucanas, Lojas Cem e Casas Bahia- estavam praticando, também em média, juros mensais de 7,57% e anuais de 140,05% no mês passado. Em junho a média era de 7,98% ao mês.
Queda lenta
Os juros do crédito ao consumidor estão caindo, mas de forma mais lenta ainda que os das aplicações.
Em agosto de 95, as grandes redes cobravam em média 13,09% ao mês. O CDI (Certificado de Depósito Interbancário), parâmetro das aplicações, era de 3,81%. O CDI correspondia, portanto, a 29,11% das taxas do comércio.
Em julho de 96, com CDI de 1,91% e as redes cobrando 7,57%, essa relação caiu para 25,23%. Considerando a média de todo o comércio, o CDI, que equivalia a 25,66% em agosto de 95, baixou para 19,23% em julho passado.
Pela pesquisa da Anefac, percebe-se que as margens do comércio e financeiras no crédito ao consumidor subiram de um ano para cá.
Nas margens, estão embutidos não só custos operacionais, impostos, lucro etc., mas também taxas de risco, para prevenir calotes.

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