São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 1996
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Filme de Diegues tem estréia simples e encontros notáveis

OTÁVIO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

Foi perfeita a estréia de "Tieta" na noite de anteontem em Salvador. Tudo simples e de bom gosto.
O elenco de famosos chegou sem alarde, sentou e viu o filme ao lado das 1.600 pessoas que encheram o teatro Castro Alves.
Antes da sessão, às 20h30, apenas algumas palavras do diretor. "Gostaria de concentrar todos os meus agradecimentos em uma só pessoa, um dos cinco ou seis brasileiros mais importantes deste século: Jorge Amado."
O escritor, que está de repouso em casa após ter ficado dois dias hospitalizado por causa de uma crise de angina, não compareceu.
Durante a exibição, a platéia riu das expressões, dos tipos, das manias e do jeito baiano. Ao final, o grupo de percussão "Didá" acompanhou a música "Luz de Tieta".
"Fiquei nervosíssimo", disse Diegues. "Achei muito lindo. Na verdade, é a platéia que faz o filme", disse Sonia Braga à Folha.
"Gostei muito. Você gostou?", perguntou o autor da trilha, Caetano Veloso. "Você é o máximo", disse Caetano a Chico Anysio, "pai" de Tieta. "O máximo é você, Caetano. Seu som é uma luz."
"Agradeça ao professor por dar a meu filho a oportunidade de fazer esta música", disse dona Canô, mãe de Caetano, a Zélia Gattai, mulher de Jorge Amado.
"Que é isso? Agradeça a seu filho por dar a meu marido a oportunidade de ouvir esta música."
E a festa continuou do lado de fora, com atores e convidados bebendo e comendo acarajé.
Antigo e moderno
Dirigido por Cacá Diegues com base no romance do escritor Jorge Amado, "Tieta" conta bem uma boa história.
O filme, que mostra a vida em uma vila da Bahia, é antigo -com todos os velhos e bons costumes do povo baiano- e moderno, pois a Bahia de hoje -da música axé, da cultura globalizada- também está presente.
"Tieta" é também uma reunião de talentos rara no cinema brasileiro. Traz de volta Sonia Braga, como Tieta, uma atriz intuitiva, emocional, sensual.
Ela contracena com Marília Pêra, no papel de Perpétua, um exemplo de atriz técnica, cerebral, que exibe ao público um personagem de arquitetura perfeita.
A trilha sonora de Caetano Veloso, vibrante e colorida quando assim é pra ser, densa e encaixada no filme nos momentos mais dramáticos, é outra base de sustentação.
Contribuem a cenografia de Lia Renha, e os figurinos impagáveis de Sonia, de Ocimar Versolato.

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