São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 1996 |
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Eric Burdon diz exercitar voz com silêncio
EDSON FRANCO
Nascido em Newcastle, ele começou a abrir espaço no cenário musical em 1964, quando formou a banda The Animals, grupo que disputava com galhardia a supremacia no blues britânico com os Rolling Stones e também com os Bluesbreakers. Desse período resultaram versões clássicas das músicas "Don't Let Me Be Misunderstood" e "House of the Rising Sun". Com os anos 70, vieram a carreira solo, uma banda (War) que liderou com músicos negros e um hit incontestável ("San Francisco Night"). Depois, Burdon virou prisioneiro do próprio passado. Isso fica claro nos primeiros minutos da entrevista que o cantor deu por telefone à Folha. 'Flashback' "Vou cantar os sucessos dos Animals nos meus shows brasileiros", adianta Burdon, que diz encontrar prazer em eternamente revisitar esse repertório. "Cada música dessas representa um cantinho do meu passado que gosto de visitar. Para me motivar, nunca canto uma música do mesmo jeito." É verdade. São perceptíveis as mudanças na voz e no estilo de Burdon no decorrer das décadas. Hoje, apesar de branco, sua voz rouca soa negra como nunca. "Essa mudança não foi proposital. Eu não pratico o canto. Meu único exercício vocal é o silêncio, que às vezes traz mais benefícios do que a emissão vocal." Quem quiser encontrar novidades nos shows de Burdon terá de aguardar um próximo show do vocalista. Ele diz estar finalmente trabalhando em um novo disco, desta vez apenas com composições inéditas. Exemplo Revelando-se pouco informado sobre o racismo cordial que permeia as relações sociais no Brasil, o cantor -que já se apresentou em São Paulo em 94- afirma que o país é um exemplo de combate ao preconceito racial. "Quando estive aqui, participei de um festival (Nescafé & Blues) e assisti aos outros shows. Em um deles, um músico (Terrance Simien) convidou três garotas para subirem no palco. Uma delas era negra e se divertiu tanto quanto as outras. Queixa Essa é a imagem que ficou do Brasil na minha cabeça." Segundo Burdon, a única queixa que sobrou do país foi o fato de não ter encontrado tempo para conhecer outras cidades durante sua visita anterior. "Queria ter ido ao Rio de Janeiro, mas o meu empresário disse que era perigoso." E o interesse de Burdon pelo Brasil chegou à música. Ele diz ter comprado e estar ouvindo um CD do grupo baiano de axé music Meninos do Pelô. "O que eles fazem é tão frenético... Se fosse possível, gostaria de incorporar aquela vibração à minha música." Show: Eric Burdon Onde: Palace (al. dos Jamaris, 213, Moema, zona sul de São Paulo, tel. 011/531-4900) Quando: hoje e 19/8, às 21h30 Ingressos: de R$ 25 a R$ 50 Texto Anterior: Clint parodia Clint Próximo Texto: Motorhead é Deus em dia de Monsters Índice |
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