São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 1996
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Informações econômicas; Erro; Overdose; Urgência; Sugestões

Informações econômicas
"Em um passado nada distante, era razoável que assuntos financeiros de natureza complexa invadissem o noticiário não-especializado.
Quando a inflação era de 40% ao mês, ou seja, estava em níveis dignos do livro "Guinness", a mera divulgação dos números do mercado financeiro era, com certeza, assunto de interesse geral.
Venho ouvindo há tempos, de muitos jornalistas, que quando a inflação se tornasse, digamos, civilizada, o jornalismo econômico teria necessariamente de evoluir para algo diferente.
Das muitas opiniões que ouvi a esse respeito sobressaem duas apontando na mesma direção: 1) os temas financeiros de natureza complexa perdem o caráter superlativo e tendem a voltar para as páginas (e para os jornalistas) especializados; e 2) o jornalismo econômico tende a ser mais analítico e, por isso mesmo, mais uma razão para voltar aos especialistas.
Passados dois anos de inflação civilizada, essas tendências, na Folha bem como nos outros grandes jornais, parecem se confirmar.
Não obstante, dois artigos recentes do jornalista Fernando Rodrigues ('Negociatas na dívida externa', de 17/7, e 'O enigma de 60 burocratas', de 12/8) me fazem pensar que a transição pode ser mais longa do que se imagina.
Em ambos os casos, o tratamento do assunto é semelhante: cria-se um título explosivo (negociatas na dívida externa) sobre um tema hermético que é explorado superficialmente, mas em tom sensacionalista, em dois ou três textos sucessivos.
Os especialistas, principalmente os jornalistas que cobrem a área econômica (inclusive alguns da Folha), não levam a sério, pois entendem do que se trata, e sabem que não é nada daquilo.
O assunto não rende, mas mesmo assim o jornalista é convidado a ouvir explicações de funcionários do Banco Central. Ouvindo-as, declara-se convencido do mérito do que antes chamou de negociata, penitencia-se, mas nada informa ao leitor.
Este, por sua vez, talvez tenha na memória apenas o título do primeiro texto e estará se perguntando por que a Folha se esqueceu de cobrir as 'negociatas' que apontou. Ou será que não era nada disso? Ou seria apenas uma típica 'violada na platéia'?
A propósito da segunda notícia bombástica, e errada, de que 'o BC não sabe quanto é a dívida externa', o processo é idêntico: o título chamativo e a ausência de substância.
Os números totalizados para a dívida externa podem ser encontrados na edição de junho de 1996 do Boletim do Banco Central, que nos informa o valor para dezembro de 1995: US$ 159.005 milhões.
Infelizmente, não temos a informação "on line" em tempo real, como seria o ideal, mas temos, por certo, todos os relatórios gerenciais necessários para a formulação de políticas. O que há, nesse caso e no da maioria das estatísticas econômicas de importância comparável, é: 1) uma defasagem na consolidação e processamento dos dados, e em sua publicação; e 2) altos custos em informatizar todo o processo.
Tudo isso é bem conhecido de jornalistas que são do ramo, os quais sabem perfeitamente que a defasagem na publicação não fornece justificativa de qualquer espécie, para: 1) a afirmativa de que o 'BC não sabe quanto é a dívida externa'; e 2) o ataque gratuito e leviano aos 60 burocratas que passaram mais de uma década cuidando competentemente da negociação da dívida externa."
Gustavo H.B. Franco, diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central do Brasil (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Fernando Rodrigues - O Departamento da Dívida Externa do BC não sabia o valor atual da dívida externa brasileira na semana passada. O missivista também não. Cita valor referente a dezembro de 1995.

Erro
"Há um erro na reportagem 'Inelegibilidade seria de 5 anos' (14/8), no trecho onde se afirma que as contas do então governador Paulo Maluf referentes a 1981 foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado. Na verdade, o TCE as aprovou.
Na mesma página, na foto onde o prefeito aparece, na identificação se informa que 'o prefeito Paulo Maluf chega à zona leste de São Paulo em carro com adesivos do candidato Celso Pitta'.
Como essa informação pode ser mal interpretada, gostaria de acrescentar que o carro que aparece na foto, o Opala chapa DOD-1111, é de propriedade do prefeito e se utiliza de combustível pago também por ele."
Adilson Laranjeira, assessor-chefe de imprensa da Prefeitura de São Paulo (São Paulo, SP)

Nota da Redação - Leia seção "Erramos" abaixo.

Overdose
"Além de termos que suportar o programa político à noite, ainda somos obrigados a ver comerciais dos mesmos descarados no meio das programações.
Por favor, tirem os comerciais do meio da programação."
Jorge Rodrigues Silva (São Paulo, SP)

Urgência
"Quando as pesquisas nos informam que o parto normal é a primeira causa de internação de meninas de 10 a 14 anos e que 150 mil jovens são viciados em crack, muitos destes de forma irrecuperável, fica evidente que as políticas públicas não têm atingido o objetivo de deter a escalada de horror e violência que atinge os nossos jovens.
Endosso a urgente necessidade levantada pelo editorial 'Infância comprometida' de se encontrar novas formas de tratar o problema."
Malvina Muszkat, presidente do Pró-Mulher (São Paulo, SP)

Sugestões
"Tendo adquirido a Folha de 11/8 notei a resposta à minha carta pedindo sugestão para decoração de meu apartamento na praia.
As sugestões estão a contento e, provavelmente, boa parte delas serão aproveitadas. Agradeço a atenção."
Rubens Chinazzo Junior (São Paulo, SP)

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