São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 1996 |
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Na mão de Deus
NELSON DE SÁ
Digam o que for, que é o desespero, que a vinculação evangélica traz rejeição, mas foi assim que ele chegou à quase metade dos votos, para governador. Esteve perto de bater Mário Covas, ao cantar o seu velho sucesso, "Segura na Mão de Deus". Mas não soou bem a sofreguidão com que ele entregou-se a Deus, desta vez, quando tropeçou na campanha. Ontem, Rossi reclamava no seu horário eleitoral: - Você tem visto que parte da imprensa de São Paulo tenta ridicularizar a minha fé, como se fosse um crime você ter a fé cristã em seu coração, como se fosse um absurdo você acreditar em Deus. Não é bem por ter fé em seu coração, nem por acreditar em Deus, mas por trombetear a fé sempre que necessário, para obter votos. Agora, na campanha de Rossi, Deus está em todo lado, nas imagens, nas promessas, como ontem, sobre tirar as crianças de rua: - Sou homem de fé e para mim não existe o impossível. Creio que Deus está levando, a todos nós, para juntos, de mãos dadas, resolvermos este grave problema. No dia anterior: - Quando se faz uma obra como esta a gente descobre que com fé em Deus consegue fazer coisas importantes... e como cristão entendo que as pessoas que moram em favela são gente como a gente. Antes ainda: - Deus nos deu capacidade para transformar os sonhos em realidade. Por fim, ontem, a Bíblia. Um tal avanço evangélico, como era de esperar, traz as primeiras reações. Na propaganda eleitoral de rádio, entre os católicos programas do PT e do PSDB, já se ouviu: - Chico Rossi já renunciou a três partidos políticos e a cinco religiões. Ou então: - Milagreiro. É a guerra santa, dando as caras outra vez. * Celso Pitta ameaça levar no primeiro turno e os petistas, como Rossi, já sonham com a intervenção divina. - Um prefeito que pensa com a cabeça do outro... E se de repente um briga com o outro? Ou então, o outro, ó... Pode acontecer... A sugestão foi de morte. Texto Anterior: Na mão de Deus Próximo Texto: Os candidatos no rádio e na TV Índice |
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