São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 1996
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Legista alagoana afirma ter 'novidade' sobre a morte de PC

Palhares admite que seu laudo pode ser questionado

DA REPORTAGEM LOCAL

O legista alagoano George Sanguinetti afirmou ontem, durante debate com Fortunato Badan Palhares, autor do laudo sobre a morte de PC Farias e Suzana Marcolino, que surgirão novidades que podem "alterar o rumo" das investigações sobre o caso.
Segundo ele, serão divulgadas informações sobre uma pessoa que "foi esquecida" durante o inquérito. O legista se negou a revelar quais seriam as "novidades".
O debate, promovido pela rádio CBN em São Paulo, pretendeu esclarecer o laudo redigido e assinado por uma equipe de peritos dirigida por Palhares.
Sanguinetti abriu o debate afirmando que a posição dos corpos não correspondia à trajetória das balas que mataram o casal.
Para alagoano, Palhares teria tentado "adaptar ao máximo" a situação para provar a tese de crime passional: "Palhares usou sua mente brilhante para colaborar com essa tese, mas cometeu alguns lapsos de informação", disse.
Ele acredita que a cena em que os corpos foram encontrados demonstraria uma "armação" (veja arte nesta página).
Massini
Badan Palhares se irritou quando questionado sobre o pedido da Polícia Federal feito no início da semana para que o legista Nelson Massini analise seu laudo.
Massini trabalhou com Palhares no Departamento de Medicina Legal na Universidade Estadual de Campinas e já criticou a maneira como foi produzido o laudo. "As críticas são feitas por quem não analisou o que eu analisei", limitou-se a dizer Palhares.
Apesar disso, o perito afirmou que aprova uma "contra-perícia" feita por Massini porque "isso vai mostrar exatamente quem são as pessoas".
Palhares também foi questionado sobre um laudo que produziu em 1987, sobre a morte do vice-governador da Paraíba, Raymundo Asfora. A conclusão de Palhares foi de que ele havia se suicidado, mas o laudo foi questionado. Um outro laudo, apontando um homicídio, foi aceito pela Justiça.
"Nenhum laudo é inquestionável", disse Palhares. Segundo ele, o material sobre PC assinado em conjunto com peritos alagoanos que cuidaram do caso teria 95% de estar certo.
"Este foi o grande progresso desse debate, porque ele admitiu que o laudo não é definitivo", analisou Sanguinetti.
Palhares também se negou a confirmar a decisão da Polícia Civil de Alagoas, que tende a arquivar o processo: "Eu não disse em nenhum momento que a motivação do crime foi passional, apenas mostrei que isso é possível".
Desmentido
Badan Palhares insistiu duas vezes junto ao mediador do debate, Miguel Dias, para que fosse desmentida uma matéria publicada numa revista semanal segundo a qual ele nunca teria sido desmentido.
"Eu nunca falei isso" negou o legista. Palhares orgulha-se de já ter assinado 4.000 laudos.

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