São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 1996
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Aluno atira em rosto de colega dentro de escola

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

O estudante Édson Bastos da Silva, 15, foi baleado no rosto na noite de anteontem dentro da Escola Estadual Presidente Roosevelt, na Liberdade (região central).
Com ferimentos na língua, diversos dentes quebrados e a bala ainda alojada em seu maxilar, ele recebeu alta do HMSP (Hospital Municipal do Servidor Público), na tarde de ontem e não corre risco de vida.
O autor do disparo, D.G.B., 15, estudante da mesma escola que Édson, continua foragido. Seus parentes afirmam não saber seu paradeiro.
Édson conta que foi abordado no corredor por alguns meninos que pediram para que ele entrasse na classe. Dois deles teriam trancado a porta e D. ordenou que ele tirasse a roupa.
"Não sou bicha e me recusei a tirar a roupa. Daí, virei o rosto, o cara rodou o tambor da arma e disparou", afirmou Édson, que cursa a 6ª série.
Como ele estava com a boca aberta no momento do disparo, a bala não feriu os lábios, mas quebrou vários dentes do estudante. Ele foi socorrido por amigos e levado de carro para o pronto-socorro do HMSP.
Testemunhas afirmam que D. saiu da sala correndo e fugiu pelo portão principal da escola. O porteiro não reagiu com medo de levar um tiro.
Édson disse que conhecia D. de vista, mas que nunca conversaram. "O cara é maluco. Acho que foi uma brincadeira de mau gosto", afirmou.
Acusado
A mãe do rapaz acusado, Bernadete Gomes, 37, afirma que o filho nunca se envolveu em brigas. "Não entendo o que aconteceu. Meu filho é trabalhador e muito medroso, covarde, incapaz de matar uma mosca", disse.
Ela conta que revistava a roupa do filho todas as noites e diz que nunca encontrou drogas e armas. "Na noite do tiro, ele não tomou banho nem jantou antes de ir à escola, mas não senti nenhuma diferença em seu modo de agir."
Policiamento
A falta de segurança é a reclamação mais frequente dos 3.680 estudantes da escola Presidente Roosevelt.
"O pessoal vende e usa droga na escola e ninguém faz nada para proibir", afirma a estudante da 7ª série, Sueli De Azevedo Souza, 20.
Segundo a diretora da escola, Rosália Giordanelli, 55, não há como coibir a entrada de armas no colégio.
"Policiamento é um pedido de muito tempo, mas o governo estadual alega que não há efetivo disponível", diz.
Segundo Rosália, a falta de segurança é um problema social. "Temos de conscientizar os pais dos alunos", afirma.

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