São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 1996 |
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Pádua diz em carta desconfiar de jurado SERGIO TORRES SERGIO TORRES; CRISTINA RIGITANO
Em carta anexada ontem ao processo judicial do assassinato da atriz Daniella Perez, o acusado Guilherme de Pádua diz desconfiar da isenção dos jurados que irão julgá-lo no próximo dia 28. Pádua, 26, escreve que, ao longo dos últimos três anos e oito meses, a imprensa jamais divulgou sua versão sobre a morte da atriz, ocorrida em 28 de dezembro de 1992. Pádua e Daniella trabalhavam na novela "De Corpo e Alma", da Rede Globo, escrita pela mãe da atriz, Glória Perez. Segundo diz o acusado na carta, Glória Perez exerce "grande influência" sobre a imprensa, "manipulando a opinião pública". A carta ataca o texto escrito por Glória e enviado aos jurados. No texto, ela chamaria Pádua de "michê, homossexual e vagabundo". Ao escrever a carta, a novelista diz ter tentado explicar aos jurados por que conseguiu na Justiça a proibição do livro "A História que o Brasil Desconhece", escrita por Pádua na prisão. "Onde estão as provas de que fui michê? Existe alguma gravação, foto ou algo que comprove que fui garoto de programa?", disse Pádua. O acusado volta a insinuar que teve um caso amoroso com Daniella, fato negado por Glória Perez. Pádua fala de casais de artistas que se envolveram amorosamente durante novelas. Cita Edson Celulari e Cláudia Raia, Marcelo Novaes e Letícia Spiller e outros artistas de teatro e televisão. Fala que durante um ano beijou "de boca fechada o ator Gerson Brenner, diariamente, durante temporada de um ano da peça 'Querelle', de Jean Genet". Cita também os atores Fábio Assunção, Nuno Leal Maia, Vera Fischer e Alexandre Frota, que teriam interpretado personagens homossexuais ou praticantes de sexo explícito. "Nem por isso foram chamados de homossexuais", diz a carta. Segundo o advogado de Pádua, Paulo Ramalho, a carta foi escrita na cela do presídio Ary Franco (zona norte), onde o réu aguarda julgamento. São 11 páginas manuscritas que foram anexadas ao processo para serem enviadas aos jurados. Segundo Ramalho, só na semana que vem os jurados deverão receber a carta. O livro que escreveu, diz Pádua, se destinava a apresentar sua versão para a morte de Daniella. O advogado Arthur Lavigne, contratado pela família Perez para auxiliar a acusação, disse que Glória Perez não chamou Pádua de "michê" na carta. Colaborou Cristina Rigitano, free-lance para a Folha Texto Anterior: Estado é covarde, diz Maluf Próximo Texto: Acusado ganhou R$ 5.000 para matar Menegale, afirma polícia Índice |
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